18.11.06

Carta a Chuva

Nem um dia
(Djavam)
Um dia frio
Um bom lugar prá ler um livro
E o pensamento lá em você
Eu sem você não vivo
Um dia triste
Toda fragilidade incide
E o pensamento lá em você
E tudo me divide (bis)
Longe da felicidade e todas as suas luzes
Te desejo como ao ar
Mais que tudo
És manhã na natureza das flores
Mesmo por toda riqueza dos sheiks árabes
Não te esquecerei um dia
Nem um dia
Espero com a força do pensamento
Recriar a luz que me trará você
E tudo nascerá mais belo
O verde faz do azul com o amarelo
O elo com todas as cores
Pra enfeitar amores gris(bis)
Um dia frio
Um bom lugar prá ler um livro
E o pensamento lá em você
Eu sem você não vivo


Olá meu anjo!!!
Que chuvinha! Belo dia para ficar em casa, descansando. Como diria Mario Quintana, “Não tem nada melhor do que fazer nada e depois descansar”. Este é um dia destes, que merece o descanso, o ócio criativo. Mas como o mundo é um roda viva e não pará, nós não podemos ficar parados também.
Mas, mesmo assim, digo que hoje é um dia para ficar com quem gostamos. Deitados, ou sentados, enrolados em um cobertor falando da vida, dos sonhos, das esperanças, das lutas. Nada melhor que um clima destes para isso. Fico pensando em como seria bom e gostoso fazer isso com você. Ficar sentindo seu calor, seu afago, seu toque...Conversando com você...
Muito romântico isso! Mas muito simples também. Pena que são simples palavras e pensamentos. Gostaria mesmo era viver isso com você. Que bonito seria. Para isso um dia acontecer vou fazer o seguinte:
Vou pedir aos Deuses da chuva e do frio para que o dia em que, se por acaso, estivermos juntos, que caia uma agradável chuva, que a temperatura baixe, e aos poucos o frio venha se chegando. Prepararei oferendas para este dia, para os deuses e deusas do amor e do tempo. Rogarei ao deus do sonho para que estes pensamentos e sonhos meus permaneçam em seus domínios, para que sempre me lembre deles. E quem sabe um dia, com todos os meus pedidos, orações, oferendas e preces isso aconteça.
Por ora lhe digo que te gosto um montão, te quero um monte. Mas não como algo que se prende e não se tem liberdade, como muitos fazem, querem serem donos das pessoas. Te quero, e te gosto, como o mais lindo dos pássaros a voar e a cantar, que sempre sabe o caminho para os braços e os ouvidos de quem lhe acolhe. Te Te quero assim, livre como um pássaro, mas que sempre pode voltar.
Beijos querida.
Bom dia de chuva. Boa noite de sonhos....

Elisandro Rodrigues
Da escola que se faz educação. Do tempo dos desejos e loucuras. Em um momento de contemplação da chuva de frio, pensando alto no pássaro que voa.
17 de novembro – intervalo entre uma aula e outro. Tempo suficiente para pensar e criar!

Roda Viva – Chico Buarque
Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega o destino pra lá
Roda mundo, roda-gigante
Roda-moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a roseira pra lá
Roda mundo (etc.)
A roda da saia, a mulata
Não quer mais rodar, não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou
A gente toma a iniciativa
Viola na rua, a cantar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a viola pra lá
Roda mundo (etc.)
O samba, a viola, a roseira
Um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a saudade pra lá
Roda mundo (etc.)

Nenhum comentário:

Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento