31.7.06


E o Rei Solipicismo perguntou ao bobotopia "Me diga do que vale viver?", "Viver, digo a você meu Rei, é ser feliz e amar tudo o que esta a volta.", O Rei volta a perguntar a seu criado "Mas o que importa ser feliz em uma sociedade onde a felicidade se compra e é virtual?", "Essa felicidade que vivemos não é a felicidade, ela esta escondida nas coisas mais simples, nos pequenos fatos, e não se compra, se conquista e se cria".
O Rei indignado com a contrariação de seu criado mandou-o para a forca, como exemplo de que a autoridade não pode ser desrespeitada.

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Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento