6.11.10

Dia Comum...

Pode parecer estranho, mas isso é verdade aconteceu comigo.

Você sabe quando acorda naqueles dias pensando que não deve sair de casa? Pois é, esse foi um dia daqueles. Parece até filme, sabe o cara azarado que leva porrada todo o momento e que no final fica com a menina bonita e rico. Tirando a parte da menina e do ficar rico poderia parecer um filme...

Acordei atrasado hoje, o relógio não despertou, o celular estava sem bateria. Estava atrasado quase uma hora. Me levantei correndo fui tomar um banho. Quando liguei o chuveiro ele queimou. Tive que sair de casa sem banho (e sem café, pois sabe como é estava atrasado e nunca tem nada na minha geladeira).

Peguei os projetos que o chefe queria para hoje, meu prazo tinha se esgotado se não entregasse hoje perderia meu emprego....e de fato perdi....Pode me ver mais um duplo?

...onde eu estava...ah lembrei, sai para pegar o ônibus chegando na parada ele estava passando, corri para ver se conseguia para-ló. Tropecei em mim mesmo e cai no chão meus documentos para a apresentação do projeto voaram em todas as direções. Ao mesmo tempo que via meu projeto alçar voo aos céus, grudando em carros em movimentos, uma pancada de chuva despenca do céu e me molha todo.

Vai dizer que não era um péssimo dia. Voltei pra casa furioso, tomei um banho gelado, troquei de roupa e peguei um guarda-chuva. Depois de 3 horas de atraso cheguei no serviço. E o que encontro lá?

Minhas coisas dentro de uma caixa de papelão com um aviso de demissão por justa causa. Puta que pariu....será que as pessoas não tem mais coração?

Saí de lá querendo matar meu chefe e não sei se por azar ou sorte minha quando sai do prédio um avião caiu em cima dele explodindo tudo. Quase morri. Ambulâncias, policiais, imprensa, papa defuntos e tragédias por todos os lados. Meus ouvidos zonzos da explosão....quê? Se acha que eu tive sorte? Sorte porcaria nenhuma. Me levaram preso por terrorismo, pois eu era o único suspeito até o momento.

Na delegacia interrogatório e mais interrogatório pra no final eles descobrirem que eu nada tinha a ver com aquilo...bem que eu queria...mas não fui eu.

Pensando que estava com mais sorte, sem comer, sujo, sai da delegacia no final da tarde.

Chegando em casa vi uma movimentação na frente do meu prédio. Era os bombeiros. Pensei comigo, só o que faltava ter pegado fogo no vizinho, ele sempre está inventando de colocar coisas que não podem dentro do micro-ondas. E para a continuação do meu azar não era isso.

Na correria que eu estava de manhã deixei uma torneira aberta...imagina o estado da minha casa....não imagine você não conseguiria.

Puta merda tudo molhado, minha coleção de Gibis, minhas Playboys …. minha televisão LCD nova...tudo estragado.

...depois de tudo isso o que eu poderia fazer? Me matar é óbvio....mas nem pra isso eu sirvo, não tenho coragem...

….E agora, depois de você escutar tudo isso me diz o que eu faço? Me diz o que eu tenho que fazer...o que eu faço da minha vida? Me diz....

...o quê? Ir pra casa? Não estou bêbado não....tá tudo bem eu saio...

(Saindo do Bar um caminhão de combustível sem freio vem na direção do Bar, ele se joga para um lado e no meio da explosão, das sirenes, escutamos...)

….Que merda de novo não....

- Que merda digo eu. - Pego o papel onde estava escrevendo a história rasgo em vários pedaços e jogo no lixo. Falta de criatividade é o que há.


Elisandro Rodrigues

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Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento