19.3.09

O Tempo...


Uma música insiste em permanecer na minha cabeça. Não consigo identificar onde a escutei, mas ela me lembra você. Lembro o tempo ainda não tido, o dia que poderá vir. O tempo perdido com a eternidade da espera me põe em movimento contrário ao do futuro. O branco do futuro pinto com tintas coloridas – arco-íris; flores; sons; vento; mar....pinto a eternidade no vazio do futuro que vem. No móbile preso na varanda vejo uma menina em seu balanço. O tempo vai e vem como a menina que se balança. Os cabelos ao vento o sorriso no rosto e a flor na orelha. Passa tempo devagar na minha memória a imagem da menina que se balança fica eterna até o seu encontro.

Elisandro Rodrigues


O Tempo – Móveis Coloniais de Acaju

a gente se deu tão bem
que o tempo sentiu inveja
ele ficou zangado e decidiu
que era melhor ser mais veloz e passar rápido pra mim
parece que até jantei com toda família
e sei que seu avô gosta de discutir
e sua avó gosta de ouvir você dizer que vai fazer

o tempo engatinhar
do jeito que eu sempre quis
se não for devagar
que ao menos seja eterno assim

espero dia que vem
pra ver se te vejo e faço
tempo esperar como esperei
eternidade se passar nos meus segundos sem você
agora eu já nem sei se hoje foi anteontem
me perdi lembrando o teu olhar
o meu futuro é esperar pelo presente de fazer

o tempo engatinhar
do jeito que eu sempre quis
distante é devagar
perto passa bem depressa assim

pra mim
pra mim

se o tempo se abrir, talvez
entenda a razão de ser
de não querer sentar pra discutir
de fazer birra toda a vez que peço tempo pra me ouvir
a gente se deu tão bem
que o tempo sentiu inveja
ele ficou zangado e decidiu
que era melhor ser mais veloz e passar rápido pra mim

eu que nunca discuti o amor não vejo como me render
ah!
será que o tempo tem tempo pra amar ou só me quer tão só?
e então se tudo passa em branco eu vou pesar
a cor da minha angustia e no olhar
saber que o tempo vai ter que esperar

o tempo engatinhar
do jeito que eu sempre quis
se não for devagar
que ao menos seja eterno assim

4 comentários:

Preta Lopes disse...

..tempo, o que é o tempo?

p.s:Kd vc? Foi consumido pela sua aventura?!rsrs
BeijoKa

CLARIDÃO disse...

o tempo tem tantas possibilidades
todos os místérios que ainda há de pintar por aí
e nesta profusão ele caminha,
tã vivaz que envelhece
mas nunca morre
nunca.

Preta Lopes disse...

.. de certo, o tempo é senão a vontade de fazer e acontecer de cada um.. Contudo, mesmo que às vezes goste e outras não, é preciso que ele passe, para não ficarmos à mercê do nada, e então crer, que valeu, ou num futuro próximo, que valerá a pena esperar.
De qualquer forma, ele, o tempo, não volta.

Morgana Kretzmann disse...

Maneiro
Maneiro
Maneiro
esse blog maneiro.

beijos

Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento