9.6.08

Onde estará meu amor....
“No tic, tac do meu coração, marca o compasso do meu grande amor. Na alegria bate muito forte, na tristeza bate fraco por que sente dor...” (Alcir Pires Vermelho e Valfrido Silva)
O amor. A paixão. Os namorados, os enamorados. O dia dos namorados se aproxima, para alguns a data é puro mercantilismo da paixão, onde ficamos condicionados a comprar um presente para a pessoa que está repartindo um pedaço de sua vida conosco. Mas, para outros é data de celebrar a paixão, de dar presentes, flores, bombons, jantar a luz de vela, isso é claro para os mais apaixonados, que ainda colocam a criatividade para funcionar e criam histórias, contos, atividades, cada dia uma coisa nova, para todo dia conquistar a mesma pessoa.
A paixão deve ser isso, uma conquista do coração da pessoa amada todo dia, toda hora, todo minuto, todo segundo. Infelizmente, a maioria das relações, não são assim. Falta a magia dos corações apaixonados, por comodidade muitas vezes, ou simplesmente por vivermos em um mundo superficial e artificial que as relações acabam se encaminhando para o mesmo infeliz destino das outras relações que se estabelecem no dia a dia.
Somos assim, é difícil ser coerente e congruente com o que gostaríamos que fosse nossa vida, nossas paixões. Difícil viver o que queremos em um mundo fragmentado e mercantilista. Ultimamente venho refletindo sobre isso, e me vejo caindo nas contradições de sempre, pensando em viver algo e vivendo algo totalmente diferente. No dia dos namorados chegando gostaria de viver um amor mais verdadeiro, mais real, deixar-se levar por este amor, mas onde está o amor? Onde está o meu amor? Chico César diria que está dentro de nós. Acredito que sim, basta vermos melhor ele, olharmos para dentro de nós. Continuo ainda na procura deste meu amor, em mim, e em outra pessoa, não a alma gêmea, o outro chinelo perdido, a outra metade da laranja, mas sim aquela que ainda esteja atrás do seu amor, que pulsa dentro do seu coração “no compasso de um grande amor...”
Como esta noite findará
E o sol então rebrilhará
Estou pensando em você...
Onde estará o meu amor ?
Será que vela como eu ?
Será que chama como eu ?
Será que pergunta por mim ?
Onde estará o meu amor ?
Se a voz da noite responder
Onde estou eu, onde está você
Estamos cá dentro de nós
Sós...
Se a voz da noite silenciar
Raio de sol vai me levar
Raio de sol vai lhe trazer
Onde estará o meu amor ?
(Chico César – Onde estará meu amor)
Elisandro Rodrigues
Se perguntando
Junho de 2008

Nenhum comentário:

Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento