22.7.07

Na varanda de sua casa, Eno via o vento brincando com as folhas caídas. Pensava ele em ser brisa nessas horas para junto com o vento brincar e correr por todos os cantos e lugares do mundo. Conhecer maravilhas e descobrir mundos.
“O sonho parece verdade quando a gente esquece de acordar, o dia parece metade quando a gente acorda e esquece de levantar”.
Este menino vivia a sonhar, mas sempre estava sozinho. Sonhava que era guerreiro, pirata, mocinho, astronauta...sonhava que descobria tesouros e desbravava territórios ainda desconhecidos. Tinha dias que inventava e desfazia mundos.
Mas sempre se sentia só, nunca tivera amigos para brincar e compartilhar a imaginação. Um coração vazio de amor era o seu, pois nunca conhecera algo que o fizesse pulsar.
“Há manhas que me trazem medo... Sei que aqui no mundo espero alguém. Alguém que me faça esperar pelo agora. Passaro canta, a flor floresce ao dia...”
Certo dia a correr sozinho pelos campos avistou uma menina sentada embaixo de uma arvore. A sua curiosidade o aguçou e ele foi até ela.
-Oi - disse Eno
-Olá - ela respondeu-me chamo Nina e você?
- Meu nome é Eno. O que você faz aí sozinha?
- O mesmo que você, brincando.- Disse isso e se levantou, começou a brincar com o vento e com as borboletas. O menino ficou observando ela. Seus olhos brilharam. Seu coração começou a bater, cada vez mais rápido. Se encantou com a leveza e a ternura daquela menina.

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Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento