Marcos pensava no vazio do significado do quadro e na paixão que aumentava e corroia a saudade no seu peito. Ia moldando seus pensamentos em formato de janelas: abrindo uma, fechando outra, esbarrando sem querer com o olhar nas flores. Pensamentos de flores, de ventos e janelas. A conversa das meninas deitadas no colchão tocando musica era sobre os amores e as distâncias.
Ele deixava o pensamento acariciar a distância e as lembranças doces da saudade amarga. Colocava pedaços da menina do sorriso e dos dedinhos para dentro dele a todo instante, como um mantra lembrava-se do seu sorriso o que acalentava a alma e o deixava mais tranqüilo.
O quadro estranho na parede estava lá com suas flores e janelas abertas para um vôo livre do pensamento. O embalo da rede lembrava o colo e os abraços de seu amor. Lembrou de uma passagem de Rubem Alves “o amor mora nas presenças das ausências”. Na arquitetura de surpresas ela se fez [na]morada. A tranqüilidade da rede e o embalo da música tocada “...um beija-flor invadir a porta da sua casa te der um beijo e partir fui eu quem mandei o beijo...” assim como o beija-flor que dá o beijo e parte ele adormeceu pensando na janela com flores e no seu amor.
Elisandro Rodrigues
Um comentário:
oi gostaria muito que conhecesse o blog sobre síndrome do pânico e a falta de um manual para esse tortuoso caminho. Agradeço desde já.
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