16.2.07



O tesouro escondido no final do Arco-Íris Mágico

Hoje meu dia foi especial. Foi o ultimo dia de estágio da faculdade no Centro de Atendimento Infanto-Juvenil Arco-Íris Mágico. Mas ao mesmo tempo foi um dia triste, de muitas lágrimas. Triste, pois descobri que os Arco-Íris tem fim. Quando, depois de uma chuva, aparece o sol, podemos ter certeza que aparecerá um arco-íris em algum lugar deste nosso mundão, estes não duram muito, alguns minutos, quem sabe horas, mas logo acabam. Deste Arco-Íris Mágico que quero falar é diferente, este ficou vivo por quase 18 anos, e com certeza continuará vivo nos corações das crianças que passaram por lá.
Sempre falam que no final dos Arco-Íris está escondido um pote de ouro, neste era diferente, estava escondida muita brincadeira, muito cuidado, muito afeto e vontade de Ser mais Humano. Foram muitas as crianças que chegaram no final deste Arco-Íris Mágico, que se deslumbraram quando encontraram a felicidade do simples escondido lá, do simples ser criança, do simples brincar. E não era só crianças, que quando chegavam neste Arco-Íris Mágico se deslumbravam, eram adultos e jovens. Qualquer um que se aproximasse deste lugar encantador se encantava com a proposta simples: de brincar e Ser Humanos uns com os outros.
Como diz a Larisa, a diretora deste mundo encantado, na escrita do Plano Político Pedagógico (PPP), “as cores do arco-íris são harmônicas, que quando unidas produzem uma luz branca e pura”. Assim era esta casa onde acolhia estas crianças, que apesar de crianças construíam mundos, que valorizam as diferenças, que tem um senso critico capaz de espantar os adultos mais conscientes, que “são crianças responsáveis, mas não adultos em miniatura: são crianças cujo estado infantil é levado a sério, e que levam a sério o ato de brincar”. Esta luz se espalha por todos os lados, ofusca os olhos e nos leva a mundos mágicos, de fantasias e de realidades possíveis.
Uma mãe – Paula Mastroberti, artista e poeta, escreveu que esta “escola” é “um lugar onde a bagunça é organizada. Um lugar onde brincar não é sinônimo de desenvolver a coordenação e raciocínio. Um lugar onde a comida é gostosa e temperada com amor. Onde se briga, sim – mas depois se fazem as pazes. Onde atenção e carinho significam atenção e carinho, e não proposta pedagógica. Existe uma escola toda colorida, não de pinturas nas paredes, mas de vida. Onde a mágica não depende de fada ou de varinha, mas acontece em forma de abraços, beijos, bolachas e pirulitos...”
Meus amigos e minhas amigas, digo a vocês que eu tive o privilegio de descobrir este tesouro embaixo deste Arco-Íris Mágico, não fico mais triste depois de pensar neste tesouro que encontrei, se quem encontra este tesouro guarda-o com carinho e vai passando um pouquinho para cada um que encontrar, ele pode durar muito mais do que pensamos, e as outras pessoas ainda vão ter o gostinho de saber o que é achar um tesouro destes.
Eu estou passando este meu tesouro, um pouquinho dele, para vocês se deliciarem, como quando se come chocolate e se lambuza-se todo e toda. Como diz uma frase de Hadding Carter que estava em algum canto deste Arco-Íris Mágico “Existem dois legados que podemos deixar para nossos filhos. Um deles, raízes. O outro, asas”. Este Arco-Íris Mágico deixa raízes, asas, sabores, gostos, aromas, vontade de brincar, saudades, mas sobretudo deixa o tesouro de ter vivenciado a travessia, o encontro e o embelezar-se com o Arco-Íris Mágico. Se algum dia virem um arco-íris no céu, não pensem duas vezes vão atrás do que se esconde no final dele, com certeza ficaram mais felizes neste ato brincar, e quem sabe você acabe encontrando um tesouro por lá....


...Elisandro Rodrigues
Fevereiro de 2007 – 17/02/07Dia de encontrar arco-íris, tesouros e felicidades escondidos na simplicidade.

3 comentários:

INGREDIENTE disse...

muito bonito isso...sei bem como é...hehhe
abração!

Adriano Rodrigues José disse...

São poucos os que conseguem traduzir em poesia a realidade em que vivem. Você é um deles, Elizandro.
Bonito foi ler o que você escreveu!
Abraços e inté!

Adri disse...

idem.

Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento