18.9.06

Sobre Morangos e Feriado

Morangos à beira do Abismo
Um homem ia feliz pela floresta quando, de repente, ouviu um urro terrível. Era um leão. Ele teve muito medo e começou a correr. O medo era muito, a floresta era fechada. Ele não via por onde ia e caiu em um precipício. No desespero agarrou-se a uma raiz de arvore, que saia da terra. Ali ficou, dependurado sobre o abismo. De repente olhou para sua frente: na parede do precipício crescia um pezinho de morangos. Havia nele um moranguinho, gordo e vermelho, bem ao alcance de sua mão. Fascinado por aquele convite, por aquele momento, ele colheu carinhosamente o moranguinho, esquecido de tudo o mais. E o comeu. Estava delicioso! Sorriu, então, de que na vida houvesse morangos à beira do abismo. (Rubem aleves)

Depois de me despedir dela, sai caminhando, e este caminho de despedida o fiz chorando, pois neste momento havia percebido que estava apaixonado por ela. Comecei a contar para Ruah o meu final de semana. Ele havia passado o feriado e o final de semana em suas andanças pelo mundo. Estávamos sentado, como de costume, na escada de casa, olhando a lua cheia no céu estrelado e sentindo o frio da noite.
Continuei, Posso dizer que agora os meus ouvidos dos meus ouvidos acordam e agora os olhos dos meus olhos se abrem. Consegui perceber isso através do silêncio, do toque, do sentir, do dialogo, da alegria que é ela que eu quero. Quero construir um compromisso, um projeto e um caminho com ela. Quero andar de mãos dadas por todo o sempre. Curtir o pôr-do-sol do Gasômetro, e de outros lugares e cantos do mundo, mas sempre abraçados e curtindo o pulsar de nossos corações. Quero andar na chuva, correr nas calçadas, quero voltar a ser criança do lado dela. O que senti nestes dias foi um sentimento e uma experiência do sagrado. Sagrado que é Religare: que é ligar, unir, vincular, atar, fazer um compromisso.
Mas este sentimento tem um que de medo, medo do novo, da ruptura, do sentir e viver intensamente. Mas me sinto melhor quando ela me diz que me quer, e que está feliz por estar encontrando o “eu” dela que havia perdido. A felicidade, a alegria e a liberdade haviam deixado sua casa, e agora estão voltando. Fico contente por estar fazendo este processo, por estarmos fazendo este processo, juntos. Estamos nos-contruindo-juntos.
Parei um pouco de falar e fiquei em silencio olhando e contemplando a noite. Sabe, começou por sua vez o Ruah, muitas pessoas vivem dentro de uma caixa fechada, temos medo de sair de dentro desta caixa, ou as vezes fomos aprisionados ali quando nascemos e não conhecemos mais nada além do espaço de dentro da caixa. As pessoas tem medo de viver de forma diferente, mais intensamente, com mais prazer e perigo. Somos e fomos todos formatados e encaixotados. Que bom que vocês estão conseguindo romper com a caixa de vocês. Existem morangos à beira do abismo, e são morangos gostosos e deliciosos, mas temos que perder o medo e aproveitar os momentos que a gente vive, temos que enfrentar o perigo, e não desistir.
É, voltei a falar, todas as cosias profundas são simples. Acho que devemos caminhar por ai: pela simplicidade. Nosso relacionamento caminha para um que de ternura e mistério, junto com a coragem de enfrentar os desafios. E isso faz nossas almas se comungarem, se unirem com nossos corpos. Ela é, como diz a Cecília Meireles, “Assim-qualquer coisa serena, isenta, fiel. Flor que se cumple, sem pergunta...” Nosso amor vai ser assim: eu para ela e ela para mim. Sendo um: na liberdade, no dialogo, na ternura, no construir juntos.
Calei-me de novo, Ruah começou a me dizer que estava cansado e com sono, que iria dormir, mas antes, me disse, vou-lhe dizer uma coisa que li do Rubem Alves, citando o poeta Fernando Pessoa:
“Amamos sempre no que temos. O que não temos quando amamos. O barco pára, largo os remos, e, um ao outro, as mãos nos damos. A quem dou as mãos? ‘A você’. Teus beijos são de mel de boca, são o que sempre sonhei dar. E agora a minha boca toca, a boca que eu sonhei beijar...Assim vai. Mas chega um tempo em que nos cansamos de dar as mãos, nos cansamos de olhar, nos cansamos de beijar. E dizemos: ‘Vamos Brincar’” Que vocês tenham a simplicidade de dizer um para o outro quando se cansarem, vamos brincar! Pois além do dialogo, do sentir, o brincar e o se cuidar é importante para que os casais construam o seu jeito de ser feliz. Bom agora me vou dormir, to cansado.
Ruah foi para sua cama, e eu permaneci mais um pouco ali. Pensando sobre as coisas da vida. Pensando no meu anjo de olhos verdes....

Elisandro Rodrigues
Setembro de 2005“Quem disse que tudo está perdido? Venho oferecer meu coração.”Fito Paez

2 comentários:

Anônimo disse...

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Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento