por
Elisandro Rodrigues e Leonardo Rocha
Pensamos
em escrever um texto mais teórico, dialogando com alguns autores.
Abandonamos a ideia e decidimos apenas escrever os gritos das mãos
levantadas. Mãos levantadas pelos direitos.
Para
quem ainda não tomou conhecimento os Trabalhadores da Educação de
Sapucaia do Sul estão em Greve. Na sexta-feira, dia 22 de fevereiro,
mobilizados por uma questão [a não possibilidade de fazer as
refeições nas escolas] os Trabalhadores da Educação reuniram-se
em frente a Prefeitura Municipal de Sapucaia do Sul e decidiram
parar.
Decidiram
parar pois nesse mesmo dia o Secretário de Educação informou aos
Trabalhadores da Educação que não poderiam mais estar “comendo a
comida dos alunos”. Após uma ação judicial levantada por dois
partidos da oposição dizendo que os recursos do Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação, para a compra da merenda, é destinada
apenas para os alunos, e sendo assim a gestão municipal deveria
entrar com uma contrapartida, pagando a alimentação dos professores
e funcionários. Essa contrapartida era para estar sendo paga nos
últimos dois anos. Com isso os “Professores e Servidores estão,
por lei, segundo o Judiciário, informação prestada pelo Sr.
Secretário de Educação, proibidos de se alimentar com a merenda
escolar...”[circular do site do sintesa]
Sem
poder alimentar-se nas escolas os Trabalhadores da Educação
levantaram suas mãos e decidiram parar. Parar até que alguns
direitos fossem garantidos, entre eles o Vale Alimentação/Refeição.
Nos
dias que se seguiram a paralisação tomou corpo, as 27 escolas de
Sapucaia pararam 100%. Tivemos outras Assembleias, na segunda-feira
dia 25 de fevereiro, na terça-feira dia 26 de fevereiro. Nesse dia a
gestão propôs uma reunião que ocorreria na sexta-feira dia 01 de
março, e as mãos levantaram-se novamente para continuar com a
paralisação até que propostas concretas fossem encaminhadas.
Na
quarta-feira, dia 27 algumas escolas se organizaram e realizaram uma
carreata com mais de 50 carros, buzinando pela cidade pelos direitos.
No final da tarde desse dia aconteceu no calçadão de Sapucaia o
Carnaval da Vergonha, com paródias de marchinhas de carnaval
denunciando a realidade das escolas e cantando os direitos da
categoria. Na quinta-feira, dia 28 de fevereiro, tivemos outra
manifestação no calçadão.
“Ballin
eu quero
Ballin
eu quero
Ballin
eu quero comer
Me
dá o vale
Me
dá o vale
Me
dá o vale pra de fome eu não morrer”
Nesses
dias os professores conversaram com as comunidades e explicaram que
não era apenas o direito a alimentação que estava sendo pautado,
outras reivindicações faziam parte da paralisação, como a
segurança escolar, falta de professores e funcionários, falta de
material de expediente, bem como de limpeza, etc ...
No
dia 01 de Março cerca de mil e quinhentos Trabalhadores da Educação,
juntamente com pais e alunos foram para a frente da Prefeitura
esperarando a reunião com o Prefeito. Todos ansiavam por
encaminhamentos detalhados e garantias sobre as pautas levantadas.
Ingenuidade da maioria, pois o Prefeito permaneceu em um mesmo tom,
pedindo a retomada das atividades com agendamento posterior de novas
reuniões. Sem propostas concretas a categoria teve que se reunir
novamente.
Em
carreata com mais de 150 carros, ocasionando certo congestionamento
na avenida João Pereira, todos foram para a Escola Justino Camboim e
lá, com as mãos levantadas novamente, foi decretada a Greve.
Emoção, surpresa, alegria e luta pelos direitos.
Mãos
que levantam e gritam pelo direito a alimentação. Mão que se
levantam pelo Vale Refeição/Alimentação. Pelo Plano de Carreira
mais digno e atualizado. Pelo Plano de Saúde. Por melhores condições
de trabalho nas escolas. Mãos que se levantam por melhorias na
infraestrutura das escolas, por segurança – pois o Plano de
Combate a Incêndio é existente em apenas uma das Escolas da Rede
Municipal, os extintores não funcionam e estão vencidos. Pela
contratação de funcionários de limpeza e da portaria.
Mãos
que se levantam para gritar seus direitos.
Mãos
que se levantam para dizer que enquanto não tivermos esses [e
outros] direitos garantidos a greve irá continuar.
Erga
a mão. De a mão a educação e vêm pra luta.
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