20.2.10

Espírito de Porco

Pré Roteiro (de brincadeira) de um curta pensando durante um final de semana com o pessoal do Couch Surfing.

Espírito de Porco

Roteiro de Elisandro Rodrigues, Ciclano e Beltrano

Porto Alegre, fevereiro de 2010

Personagens:

Nome – descrição.

Cenários e locações:

Apartamento do Madson, ruas do centro de Porto Alegre, Bares de Porto Alegre

Planos:

Cada Plano será filmado conforme o Ambiente. É interessante filmar pegando o Plano Geral, Plano Conjunto e Plano Detalhe das pessoas falando.

SEQ.

IMAGEM

ÁUDIO

1

Imagem abre à partir do Fade in mostrando um porão escuro com telhas de aranha por todos os lados e objetos antigos no chão (máquina de escrever, caixa de fotos velhas, aparelhos estranhos, ganchos pendurados, ...) a luz pisca aos poucos mostrando os objetos e apaga novamente mostrando o Fade Out.

[Fade In]

Barulho de porco gritando antes de escurecer a tela.

[Fade Out]

2

Caminhão de mudança chegando. Carregadores levando mudança para dentro do apartamento, largando caixas, TV, PC, cama, sofá. Mostrando todos os cômodos.

Ao lado da cozinha uma porta branca com aspecto de encardida e velha está trancada.

Caminhão saindo da frente do apartamento.

[Fade In]

(Barulhos do ambiente conversas aleatórias dos carregadores)

- Onde coloco essas caixas....

- E essa TV.

- O computador é no quarto ou na sala...

- Essa porta do lado da cozinha não abre, isso dá onde?

- Sei lá cara, deixa as coisas ai na cozinha e não fica bisbilhotando a casa dos outros, isso ai deve dar no porão.

Barulho de caminhão saindo.

[Fade Out]

3

Daniel entra em casa vindo da rua, lá fora é noite, em casa as luzes estão apagadas, liga o rádio e começa a tirar objetos das caixas e organizar moveis e coisas na sala. Depois passa a cozinha, música fica baixa quando se desloca para a cozinha. Arruma fogão, objetos na geladeira. A câmera passa várias vezes rápida pela porta que permanece trancada.

Daniel escuta sons do outro lado da outro, chega mais perto para escutar, mas os sons param. Tenta abrir a porta e não consegue. Abre as gavetas da pia e acha um molho de chaves velhas e antigas. Tenta abrir a porta com elas até que acha uma que serve. Abre a porta. Tudo escuro, ao caminhar pela luz que vem da cozinha esbarra em objetos no chão (máquina de escrever). Tenta achar o interruptor de luz mas não consegue. Volta para a cozinha acha uma vela e desce novamente. A luz da vela acha um interruptor e acende. Se vê no porão do apartamento cheio de coisas velhas, começa a mexer em algumas e explorar o porão. Se depara com outra porta, tenta abrir mas não consegue nem com o molho de chaves velhas. Sobe para a cozinha, apaga a vela e fecha a porta.

[Fade In]

(barulho de passos no escuro, clique no play do rádio (ou controle remoto), clique de luz acendendo)

Música do rádio durante a cena.

Música ?????????

Ao entrar na cozinha barulhos estranhos (passos, alguém correndo do outro lado da porta fechada)

Ao subir para a cozinha musica de fundo acaba.

[Fade Out]

4

Quarto de Daniel. Ele se mexendo na cama. Acorda de susto com um grito.

[Fade In]

Grito de porco morrendo.

[Fade Out]

5

Quarto de Daniel. Acorda com o despertador, Liga a TV as noticias do dia estão passando no jornal. Vai ao banheiro para escovar os dentes olha para o chão do corredor e vê uma mancha vermelha que vai do corredor a cozinha. Segue a mancha até a cozinha quando vê um porco morto todo aberto com sangue empoçado ao lado moscas por todos os lados, e cheiro de podridão. Daniel corre para o banheiro e vomita.

[Fade In]

Som do despertador.

Noticias na TV como fundo.

Ao vomitar e dar descarga [Fade out]

6

Locação Bar. Na cena Daniel com um grupo de amigos (3 homens e 2 mulheres).

Homem 01 Pede mais cerveja para o garçom.

Daniel despede-se de todos deixa o dinheiro em cima da mesa para as cervejas e quando está saindo do bar passa um caminhão cheio de porcos por ele.

[Fade In]

Daniel

-Porra meu! Vocês não sabem o que encontrei em casa hoje ao acordar.

Homem 01

- O que meu!

Daniel

- Cara vocês não vão acreditar se eu contar.

Mulher 01

- Conta de uma vez. Para com esse suspensinho todo, até parece que vai contar uma história de terror.

Todos dão gargalhadas.

Daniel sério.

- Vocês sabem que me mudei essa semana né?(todos acenam com a cabeça) Então, é um apartamento que fica no térreo e é bem antigo. No primeiro dia achei no porão um monte de coisas velhas.

Mulher 02

- Tipo o que?

Daniel

- Várias coisas: uma máquina de escrever velha, um monte de fotos antigas, uns trecos lá que nem sei para que servem, balanças de fero, umas “geringonzas “.

Homem 01

- Devem ser coisas do antigo dono.

Homem 03

- Lá em casa também encontrei várias coisas assim quando me mudei, os antigos donos até deixaram o sofá deles, um sofá cama tri bom.

Homem 02

- huahuahuauah, eu quando me mudei só tinham contas atrasadas (todos caem na gargalhada).

Daniel

- Deixa eu terminar a história nem chequei a contar o que eu queria. Então, achei no porão uma porta que não consigo abrir também. Essa manhã quando acordei percebi um rastro de sangue no corredor que dá na cozinha, quando cheguei lá achei um porco morto e fedendo.

(A cara de todos é de dúvida)

Mulher 02

- Ah meu, não vem com essa, duvido.

Daniel

- To falando sério, foi um trabalhão para tirar ele de lá.

Homem 02

- Que papinho estranho esse o seu cara.

Daniel

- Podem achar estranho mas é a verdade. Mas buenas vou me indo que está tarde. Até mais.

[Fade Out]

7

Quarto de Daniel, ele dorme tranquilamente quando acorda com um som de porco gritando. As luzes começam a piscar na casa toda.

[Fade In]

Grito de porco.

[Fade Out]

8

[Fade In]

Aparece nome do curta e créditos.

[Fade Out]

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Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento