3.11.09

Ventania de cores.



“A maior dor do vento é não ser Colorido” (Mario Quintana)

O vento traçava seu movim[inv]ento no ar do quarto. Fazia calor e os corpos sua[ma]vam.

Dois corpos em colo[do]res. O movim[v]ento das cores. Vento se fazendo cor. Se fazendo odor. Criando uma dança de des-canção nos corpos cancionais – [instâncias de insubstâncias].

Cantiga de [in]vento. Nas funduras do go[lambu]zo[u] os prazeres se fazem presentidade. O abraço de uma semana se demora no corpo sua[ama]do. O gemido do prazer se prolonga ainda no assopro do [em]canto.

Devo[o]rando os corpos seguem sem palavras.

Ausência sem presença de palavras. Cores por todos os lados.

Passarando feito pássaro passam os dias se empurrando [cor]po adentro.

Palavras que falam através dos corpos – do tato, do beijo, do abraço, da penetração, do gozo.

O vento traça movimentos dentro do quarto.

Dentro do quarto dois corpos se movem com o vento.

No vento o sussurro do prazer.

Prazer de idas e vindas nas colores.

Ventania de cores.


Elisandro Rodrigues

Um comentário:

André Neves disse...

Oi Elisandro.
Passando a limpo as leituras do meu blog, li seu comentário.
Se for para SP e assistir ao espetaculo me diga o que achou. Infelizmente não pdoerei ir ao final da temporada. Mas ficou guardado muita felicidade e quando fecho os olhos parece que estou assistindo. Abraços.

Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento