No pulsar do coração o menino escuta o que se passa lá fora, pela janela entram os sons do cotidiano: um cachorro latindo, passarinhos cantando, uma dona de casa lavando a casa, um carro passando, uma ambulância, o vento nas árvores, as abelhas zunindo, as flores caindo, os passo no chão. Tudo é música ao ouvido. O menino escuta longe. Escuta o mar, escuta a areia, escuta a chuva molhando a terra e as flores se abrindo. Mais longe ainda escuta o coração da menina.
O menino escuta isso por que tem um botão na orelha, e do lado o catavento a girar trás os sons propagados pelo vento. No jardim do menino nenhum som se perde, as melodias e as vozes são captadas pelos quatro buracos do botão, juntas se transformam na música deles – do botão e do catavento, colorindo assim as imagens e os movimentos antes cinzas de um mundo que não ouve com os olhos.
O vento leva as bolhas de sabão abrindo as flores ao passar e regando as sementes no chão. No intempestivo que vem um devir de boniteza se espalha pelo mundo fazendo sorrir um menino com um botão e uma menina com um catavento.
Elisandro Rodrigues
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