11.9.09

“te extraño”




Os dois estavam sentados na beira do mar. O vento estava forte, mas as águas estavam calmas. O frio fazia os corpos dos dois chegarem mais perto os envolvendo em um único e duradouro abraço. Após um longo tempo de silêncio onde os sons do mar e do vento compunham uma suave e harmônica melodia com o silêncio ela disse – “Permítanme sacar una foto de usted con la ciudad”. Ele olhou para ela e sorriu acenando a cabeça positivamente. Ele se levantou e caminhou até a beirada do trapiche de concreto. Ela tirou a foto registrando o momento em que o vento, as ondas e o silêncio enchiam os corações de ambos. Ele voltou caminhando para junto dela e sussurrou lentamente no ouvido dela – “Me lembrei de uma frase que diz o seguinte ‘Os nossos corpos são finas camadas de carne que recobrem um poema. Somos poemas encarnados’. Sentirei saudades de você!”. Ela o olhou nos olhos se aproximando mais do seu abraço e disse ao som do mar e do vento “También te extraño”. Fechando os lábios aproximou-se dos lábios dele e o beijou suavemente deixando uma lágrima escapar dos olhos.

Elisandro Rodrigues

Um comentário:

Preta Lopes disse...

Montevideo, rendeu boas lembranças e boas histórias para nos contar!

AdoroO!


'O vento traz no ventre, o teu amor..'

Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento