23.6.09

Na noite mais longa do ano leveza.

Ainda sinto seu cheiro em minha cama. Cheiro que me encantou e embriagou-me junto com o amor dos seus beijos macios. Há dias me reviro na cama agarrado nos travesseiros tentando encontrar a presença daquela noite – seu abraço aconchegante. A noite mais longa do ano amanheceu rápida demais te levando embora. Permaneço leve mas é estranho sentir a ausência do seu cheiro, do seu abraço. Nessas noites sinto às vezes um pé gelado tocando o meu e o procuro para esquentar. Acordo-me com a sensação que estivestes comigo, sentindo-te sigo meus dias de trabalho entediado a espera de algumas palavras na tela do celular e de uma visita inesperada no meio da noite – minha alma pede 'te quero todo dia' na leveza do beijo e do abraço.

Elisandro Rodrigues


2 comentários:

Preta Lopes disse...

Por horas vi a cena repetir, de olhos fechados também senti, o quanto distante está quem gostamos e quanto o cheiro incendeia tais lembranças. Entorpecida estou, diante de tais palavras, com saudade também estou de quem longe do meu afago está.

Lindo!

Anônimo disse...

Vou ficar por aqui... lendo...
lindo!

Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento