10.2.08


A casa do querer


"Aonde mora, aonde mora a casa do querer..."
, fiquei me perguntando depois que li seu e-mail, faz um bom tempo já, você já deve estar voltando de viajem. "Aonde chora, mora a casa do sofrer..." foi esta uma das respostas, estava chorando por dentro, com dor. Mas resolvi ir a luta e tentar alguma coisa, ser feliz, viver feliz do lado de um outro alguém.
Mas de nada adiantou, não foi os lábios, o corpo, as palavras desse outro alguém que fizeram me esquecer de você, bem pelo contrário, realçou ainda mais a chama da paixão, a chama de querer você, de ter você de beijar e tocar seu corpo.
"Já que você me abandonou, sem dizer adeus, sem olhar nos olhos meus, eu canto, eu canto, eu canto assim...", canto, escrevo, penso, reflito para não te esquecer, para fazer de seu rosto meu horizonte, de seus lábios minha salvação. Foi sem dizer adeus, mas precisamos dizer adeus fico pensando, será que não é melhor assim? Não sei, mas fico imaginando seus olhos olhando os meus e em vez de um adeus dizer outras palavras..."eu te gosto...".
"Agora é hora de se fazer crescer, a nossa velha estória o nosso louco caso de amor, e ter assim acessa a chama da paixão...", penso que está é a hora. Estou disposto a acordar cedo, a olhar pela janela e te avistar chegando, em vez de indo embora. Quero te ver chegar, quero te ver entrar em meu coração e fazer sua morada, fazer sua casa, a casa do bem querer, do seu querer.
"Aonde mora, aonde mora a casa do querer..." a casa do querer mora dentro do seu coração, e também quero entrar nele, não quero que você simplesmente lembre-se de meu sorriso, ou imagine-o, quero que o vivas com muito querer, com muita paixão, e que nossa casa seja morada da felicidade, morada dos nossos corpos que se amam. Quero escutar seus passos a todo momento dentro do meu coração...

(Música "A casa do querer", Donati)

Elisandro Rodrigues
Fevereiro de 2008
Construindo a casa do querer!

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Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento