17.12.08

Papo de jardim (ou não sei fazer poema)


'E ti regaleró mille baci
per dirti quanto mi piaci
amo l'amore con la nebbia nel sole
o se piove'
(Donati Casa Brasil)


Eu não sei fazer poema

Por isso não uso calção

E te jogo bolinha de sabão
Mas chego bem devagarinho

Nas asas de um passarinho

Pra roubar um beijo bem de mansinho

Te dou carinhos e beijinhos sem ter fim,
pra acabar com esta história de você viver sem mim.

Elisandro Rodrigues e Dodorovisky

Um comentário:

CLARIDÃO disse...

sabe sim!

Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento