21.4.10

Fragmentos de Felicidade

Às vezes me basta uma partícula que se abre no meio da paisagem para me lembrar de você. Como diria a música “enquanto houver você do outro lado aqui do outro eu consigo me orientar...”, me oriento pela luz dos olhos seus. Você se tornou uma bússola para os meus dias, um sentido para o meu viver.

No meu dia a dia carrego você comigo: no anel como forma de compromisso, no cheiro com o seu perfume, nos pés com o chinelo e as meias, na orelha com o brinco, nos ouvidos com as frases das músicas que trazem você para junto de mim.

Em tudo um pouco de você “sua ausência fazendo silêncio em todo lugar...”.

Nessa noite dormi com sua presença. O cair da chuva e o vento frio te trouxeram para o meu lado. Dormi assim com seu perfume a sensação do seu abraço. E nessa manhã fria acordei agasalhado em seus braços com os olhos grudados de son[h]o e sua lembrança criando significações em todos os espaços, assim, pensando em você as horas começam a fugir aproximando o final da noite para sua voz penetrar em mim.

Os dias que faltam para te ver se aproxima rapidamente, o vento empurra os dias para longe e a brisa te traz para mais perto do meu abraço e do meu beijo. No calor do seu corpo vivo e espero.



Elisandro Rodrigues

Um comentário:

Preta Lopes disse...

Ahhhh que saudade destes seus textos com cheiro de paixão! Saudade de prusiá com cê menino!
BeijoO

Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento