Fazia tempo que ele não sonhava mais. Suas noites eram banhadas a suor, mal dormidas. Sem sonhos, nem pesadelos. Tudo era um vazio do deitar ao acordar. Certa noite ele teve um sonho rápido com um céu estrelado. Achou estranho somente sonhar com aquela imagem, somente isso e mais nada. Duas noites depois sonhou com uma menina, mas ela estava de costas, não conseguia ver seu rosto somente o cabelo. Cabelo que escorria pelos ombros, meio ondulados e com cores claras-avermelhadas. Na noite seguinte sonhou com um menino, menino este que parecia ser ele, estava olhando para cima como se vise a imensidão do infinito. No quinto dia sonhou com o céu a menina e o menino: o menino olhava o céu cheio de estrelas, a menina do outro lado, de costas para o menino observava o mesmo que ele. Ambos estavam separados por um abismo que ao mesmo tempo os deixava próximos no meio da imensidão das estrelas. Parecia que os dois pertenciam ao céu e aquele mundo de estrelas.
Nas próximas noites até o fim de sua vida não sonhou com mais nada. A única imagem que aparecia em seus sonhos eram as estrelas.
Elisandro Rodrigues
Agosto de 2008
Cordel de Fogo Encantado
Vou
Vou pregar na parede
Um pedaço de céu
Que você me mandou
Vou buscar outra constelação
Entre a noite que vai
E o dia que vem
Eu canto aqui
Eu olho daqui
Eu ando aqui
Eu vivo
Canto aqui
Eu grito aqui
Eu sonho aqui
Eu morro...
(morro)
Vou
Vou riscar no meu braço
Um pedaço de mar
Que você me deixou
E criar outra recordação
Do primeiro lugar
Que acordei pra te ver
Eu canto aqui
Eu olho daqui
Eu ando aqui
Eu vivo
Canto aqui
Eu grito aqui
Eu sonho aqui
Eu morro...
(morro)
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