22.4.13

Nas sendas da vida

Para os que ainda circulam por aqui.


Segue link para a Revista Sin Murallas, da Flacam Foro Latinoamericano de Ciencias Ambientales, da Argentina.
Nessa revista publiquei, junto com outra colega a Professora Cristiane Santos o texto chamado Nas sendas da vida.

4.4.13

Devir Chuva

Correu até seus pés serem água.
Correu até o pulmão saltar de sua boca.
Correu até a ultima respiração.
Antes de cair viu-se chuva numa poça.

20.3.13

Da Resistência da Vida



Da luta não me retiro”[Fernando Anitelli]

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Dia 22 de Fevereiro de 2013.
Uma categoria.
Trabalhadores da Educação decidem paralisar.
01 de Março de 2013.
Uma categoria decide entrar em Greve.
20 de Março de 2013.
Uma Categoria decide voltar da Greve.

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Foram muitas as horas, os minutos em que os Trabalhadores da Educação lutaram, gritaram, caminharam, “churrasquiaram”, cantaram, pularam, choraram, riram, esbravejaram, ….
Foram muitas lutas.
Foram 27 dias em que uma Categoria agüentou as formas de opressão que uma Administração de um Partido [dito] dos Trabalhadores exerceu. Assedio Moral. Mentiras. Falsas Falas. Falsas Informações.

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Gostaríamos de acreditar que tudo isso não foi em vão.
Queremos acreditar na vida, e como nos diz Foucault, “A vida torna-se resistência ao poder”. Que nossas vidas. Nossos Suspiros. Nossas palavras sejam de Vida.
Que nossa luta seja uma luta de Resistência, que tenhamos um pensamento de Resistência.
Que nossa fala. Nosso grito. Seja Resistência.
“Não há razão para celebrar, nem para chorar”[Foucault] mas há razão, há emoção para “participar das lutas, das resistências”[Foucault].
Que emanemos um Devir-Revolucionário. Que emanemos Afecções de Resistência.
Que emanemos outros punhos erguidos. Outras caminhadas. Outros sambas e marchinhas. Que nossa VIDA seja EDUCAÇÃO. Que nossa EDUCAÇÃO seja de QUALIDADE.
Pois da “Luta não me retiro”. Da luta não nos retiremos!

3.3.13

DAS MÃOS QUE SE LEVANTAM


por Elisandro Rodrigues e Leonardo Rocha1




     Pensamos em escrever um texto mais teórico, dialogando com alguns autores. Abandonamos a ideia e decidimos apenas escrever os gritos das mãos levantadas. Mãos levantadas pelos direitos.
     Para quem ainda não tomou conhecimento os Trabalhadores da Educação de Sapucaia do Sul estão em Greve. Na sexta-feira, dia 22 de fevereiro, mobilizados por uma questão [a não possibilidade de fazer as refeições nas escolas] os Trabalhadores da Educação reuniram-se em frente a Prefeitura Municipal de Sapucaia do Sul e decidiram parar. 
     Decidiram parar pois nesse mesmo dia o Secretário de Educação informou aos Trabalhadores da Educação que não poderiam mais estar “comendo a comida dos alunos”. Após uma ação judicial levantada por dois partidos da oposição dizendo que os recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, para a compra da merenda, é destinada apenas para os alunos, e sendo assim a gestão municipal deveria entrar com uma contrapartida, pagando a alimentação dos professores e funcionários. Essa contrapartida era para estar sendo paga nos últimos dois anos. Com isso os “Professores e Servidores estão, por lei, segundo o Judiciário, informação prestada pelo Sr. Secretário de Educação, proibidos de se alimentar com a merenda escolar...”[circular do site do sintesa]





    Sem poder alimentar-se nas escolas os Trabalhadores da Educação levantaram suas mãos e decidiram parar. Parar até que alguns direitos fossem garantidos, entre eles o Vale Alimentação/Refeição.
  Nos dias que se seguiram a paralisação tomou corpo, as 27 escolas de Sapucaia pararam 100%. Tivemos outras Assembleias, na segunda-feira dia 25 de fevereiro, na terça-feira dia 26 de fevereiro. Nesse dia a gestão propôs uma reunião que ocorreria na sexta-feira dia 01 de março, e as mãos levantaram-se novamente para continuar com a paralisação até que propostas concretas fossem encaminhadas.
   Na quarta-feira, dia 27 algumas escolas se organizaram e realizaram uma carreata com mais de 50 carros, buzinando pela cidade pelos direitos. No final da tarde desse dia aconteceu no calçadão de Sapucaia o Carnaval da Vergonha, com paródias de marchinhas de carnaval denunciando a realidade das escolas e cantando os direitos da categoria. Na quinta-feira, dia 28 de fevereiro, tivemos outra manifestação no calçadão.
Ballin eu quero
Ballin eu quero
Ballin eu quero comer
Me dá o vale
Me dá o vale
Me dá o vale pra de fome eu não morrer”





     Nesses dias os professores conversaram com as comunidades e explicaram que não era apenas o direito a alimentação que estava sendo pautado, outras reivindicações faziam parte da paralisação, como a segurança escolar, falta de professores e funcionários, falta de material de expediente, bem como de limpeza, etc ...
      No dia 01 de Março cerca de mil e quinhentos Trabalhadores da Educação, juntamente com pais e alunos foram para a frente da Prefeitura esperarando a reunião com o Prefeito. Todos ansiavam por encaminhamentos detalhados e garantias sobre as pautas levantadas. Ingenuidade da maioria, pois o Prefeito permaneceu em um mesmo tom, pedindo a retomada das atividades com agendamento posterior de novas reuniões. Sem propostas concretas a categoria teve que se reunir novamente.

      Em carreata com mais de 150 carros, ocasionando certo congestionamento na avenida João Pereira, todos foram para a Escola Justino Camboim e lá, com as mãos levantadas novamente, foi decretada a Greve. Emoção, surpresa, alegria e luta pelos direitos.
   Mãos que levantam e gritam pelo direito a alimentação. Mão que se levantam pelo Vale Refeição/Alimentação. Pelo Plano de Carreira mais digno e atualizado. Pelo Plano de Saúde. Por melhores condições de trabalho nas escolas. Mãos que se levantam por melhorias na infraestrutura das escolas, por segurança – pois o Plano de Combate a Incêndio é existente em apenas uma das Escolas da Rede Municipal, os extintores não funcionam e estão vencidos. Pela contratação de funcionários de limpeza e da portaria.
      Mãos que se levantam para gritar seus direitos.
     Mãos que se levantam para dizer que enquanto não tivermos esses [e outros] direitos garantidos a greve irá continuar.
      Erga a mão. De a mão a educação e vêm pra luta. 









1Professores da Rede Municipal de Educação de Sapucaia do Sul.

25.10.12

[Res]pingos de infâncias

No final do mês de setembro o Capsi [Centro de Atenção Psicossocial] de Novo Hamburgo completou 10 anos.

Desses 10 anos vivi um ano de muitas intensidades - junto com outros colegas na Residência Integrada Multiprofissional em Saúde Mental Coletiva do EDUCASAÚDE/ UFRGS. Foi no ano de 2010. 

Colegas que acompanham os passos nos dias atuais: Leo, Gra, Iago, Dieguinho, Henrique, Eliane, ....

Nesse ano produzimos um documentário chamado Quatro Reais, que conta um pouco da história da Terezinha do Bairro Santo Afonso [ Está dividido em 3 partes no youtube http://www.youtube.com/watch?v=7Regs0jXFughttp://www.youtube.com/watch?v=VSdXSv6fSms&feature=relmfuhttp://www.youtube.com/watch?v=gNh4UNedqY0&feature=relmfu ].

Motivados por essa cartografia imagética iniciamos a pensar em um audiovisual para o Capsi, que apresentaríamos no final do ano de 2010. Captamos as imagens. Mas elas ficaram paradas por quase dois anos. Nesse ano motivados pelos 10 anos do Capsi de NH resolvemos dar um presente recheado com algumas memórias, algumas imagens-lembranças de um passado recente. 

Nasceu o [Res]pingos de Infância.


Assistam. Compartilhem. Pois é de uma delicadeza imensa sobre o cuidado com a infância e a adolescência.

Elisandro Rodrigues


Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento