30.6.06

Estamos arumando o Ponto de Cultura da Biblioteca Social Mundial, entre os muitos livros achei este texto por lá. Bom proveito a todas e todos


TaTo AmArElO
(Ítalo Rovere)

Tudo isso foi no escuro da noite
Para que refletores?
Vamos fazer nossa própria luz...

Teu calor
Teu Jeito
Concentrado
Disfarçado
Chamou-me a Atenção

Fui embora
e nem te disse
que fui embora
eu fui embora
Por quê?
Não sei!

Não quero pensar que fui embora
Prefiro pensar em te encontrar nova(mente)
Ler-te
Falar contigo
Como se tu
Me conhecesses
De antes
De beijar minha boca
E ao meu ouvido tivesse dito
O Meu olhar viu o Teu
Eu te vi
Tu me vistes
Tu me fazes ver
Tu és o amor
ADEUS – A eus – As – Eu – Deus – A Deus

Estou partindo em mil pedaços
Por que não sei quem tu és
Eu te via
Tu me vias?
Eu não sei
Senti-me visto por ti

Coloquei a mascara da minha nudez
estava com os pés em cima do risco
Tu és a Pureza
Tu és a Beleza
M
A
G
I
A
Teu tato vai ficar gravado
Feito grámatica
Sei lá
Foi só um
Relâmpago
Em uma noite
Perdida no tempo
No meio da multidão
absorvida pelo barulho
das vozes e dos sons

Subi no céu sozinho
Por que não vens até aqui
No meu coração?
Eu te sinto

O teu tato é amarelo
assim como o sol
Se for falar do teu brilho
então nem pensar
por que não teria fim
TE vendo
Não há por que saber teu nome
É teu olhar que olha para o meu?
No meu coração tua existencia faz-me feliz
mesmo sem falares comigo
e sem saberes meu nome
vou continuar a ver-te
Como foi bom ver-te tão leve
Pensei que fosses me levar...

Qual é a tua cor?
Quero saber de ti...

Tua face estava Lavada
tinha brilho
a tua pele
Reluzia
Luzia
Luz
ia
para onde ias?

Eu não te via
Eu te procurando
Vagava no teu mistério
TE vi
TE vi
TE vi

Esqueci de Mim
Ali
Ali
Ali

Te vi te
Vi te vi

Tu estás onde não te esqueci
Não quero te esquecer
Vou te guardar.
SANTA LOUCURA

Estava a refletir, pensando na vida, na sombra de uma árvore. Sentado sobre a grama verde, sentindo o vento bater em meus cabelos, quando chega Ruah (meu amigo musaranho). Ele ficou ali aproveitando o momento e a natureza.
Depois de alguns minutos ele me disse:
-Sabes, ávida é uma loucura!
Distraidamente perguntei o “por quê”. Ele me respondeu poeticamente falando assim.
- A vida é uma loucura por que a gente a faz assim. Na verdade a vida é bela, calma, pacifica e ela deixa que a gente construa os caminhos. É nesta caminhada que podemos e que fazemos ela transformar-se, podemos aproveitar cada segundo ou viver na mesquinhez ate a nossa morte. É só termos coragem de optar em ser livres ou não.
Poético ou não, o que ele me falou deixou mais reflexivo. Não escutei mais o que ele estava me dizendo, pois os meus pensamentos foram para outro lugar. Este lugar tinha endereço e nome. O endereço era a rua da Felicidade, travessa da Utopia e o nome que me conduziu até este lugar era o seu.
Estava em paz e com uma tremenda alegria após ler sua carta. Você me deixa assim, com este sentir-se Bem. Me diga, você é Feiticeira? Pois me encantou, me enfeitiçou. Quando olho para seus olhos eles me conduzem para um mundo novo, onde me sinto tão bem. Quando lhe beijo fico embriagado com o gosto de seus lábios o que me deixa mais leve.
Quando toco seu corpo o meu se estremece todo. Pois seu corpo é como o vento e as ondas do mar, e igual são suas caricias, navego e voa por lugares distantes.
Loucura ou não, é muito bom. É belo, bonito e alegre este momento. Digo-te que não esquecerei estes momentos. Não esquecerei seus beijos, seus olhos, seu corpo, o seu jeito de ser.
Quero nestes últimos dias te consumir de corpo e alma.

Beijos com sabor de mel e abraços de brisa.

Elisandro Rodrigues
Na Assembléia do Conselho Mundial de Igrejas
Fevereiro de 2006.

29.6.06

"E a pergunta roda e a cabeça gira...."
Loucura vivemos nela ou ela vive em nós????
Pois é, eu sempre aguardo o fim da história. Sempre estou esperando o final feliz e surpreendente, e se esse final não vier, e se não tiver, e se nada do que imaginamos acontecer.....pois é, o que dizer....Fudeuuuuuuuu
O fim da estória
Alejandro da Costa Carriles

Eu nunca sei quando as estórias acabam.
Por isso sempre fico preso entre uma e outra, ou entre nenhuma e nenhuma outra; entre um recomeço sem fim e um fim sem término.
Talvez por ser mais espectador, ou coadjuvante, do que protagonista da minha vida, tenha essa enfermidade de não dar conta de quando baixa o pano.
As luzes apagam, o público sai, os colegas limpam a maquiagem e eu continuo lá: com a fala na cabeça, o texto decorado, aguardando a deixa.
A deixa que nunca vem.Sempre tive medo das coisas e das pessoas.
Um pavor e uma falta de fé. Talvez por isso eu tenha criado minha própria companhia teatral, onde sou diretor; contra-regra; atores e público.
Enceno só para mim uma tragicomédia.A realidade me faz tão mal e me deixa tão fraco que fico, no fundo do palco, muitas vezes, a sussurrar o texto a mim mesmo.
Às vezes não ouço.Quase sempre não ouço, porque sussurro baixo e minha voz é trêmula...
O público não entende a peça, logo, não aplaude.
Eu, furioso, demito a todos: ao autor; ao diretor; aos atores...
Expulso o público do teatro e ateio fogo a tudo.
E ali dentro fico eu, junto às cortinas e aos holofotes, incandescentes; queimando, queimando, queimando...

26.6.06


Fotinho no Centro de Pastoral. Como sempre bagunçado, olhem os paninho pendurados, hehe.

25.6.06

Pedido de desculpas de um apaixonado

“Eu não existo longe de você, e a solidão é o meu pior castigo. Eu conto as horas pra poder te ver, mas o relógio ta de mal comigo, porquê? Por que tem que ser assim? Se o meu desejo não tem fim, eu te quero a todo o instante...”

O amor, “porrâ”, todo mundo dele, todo mundo o sente, todo mundo o quer e o deseja. A paixão, o amor é motivo para muitas coisas, pode se matar por amor, como pode se dar a vida por amor. Quem entenderá o que se passa no coração de um apaixonado?
Nem mesmo os apaixonados entendem. Estava pensando nisso, e cheguei a duas idéias. A primeira é que há diferentes tipos de seres apaixonados, eu sou um tipo, você é outro (isso é obvio né, mas foi o que pensei). O meu descobri, e o seu acho que também, não estou certo, mas tenho quase certeza (isso é a fala clara de um apaixonado).
A minha paixão, o meu amor, é a de criança, tipo quando ela descobre um brinquedo novo quer logo brincar com ele, fica ansiosa, furiosa se o tiram, grita, chora. Mas quando brinca até se fatigar e cair no sono. No outro dia é a mesma coisa novamente. Paixão-criança é a minha, gosta do novo, é curiosa não, tem medo de ousar de se ferir e de se machucar.
Já a sua é ao contrário, é paixão de velho. Os velhos são sábios, por isso a sua paixão é sábia, eles são grios dos tempos novos, entendem de tudo e degustam as coisas com cautela. Caminham devagar, tem medo de cair e de se machucar, pois são seres frágeis. Têm a experiência como bengala, não são afoitos, por vezes ficam pensando e pensando, não gostam de apostar quando não tem certeza, muito menos de ariscar no incerto, pois a sabedoria que tem não os deixa fazer isso. Tudo é mediado pela razão e pela ciência. Contrário da criança onde o que o leva são os sentimentos e o senso comum.
Assim é você, uma velha, e assim sou eu, uma criança. Mas sabe o que falta para os dois.......segurança.
Penso, eu, neste mundo que é uma “zona”, um caos, onde todos querem “fuder”os outros e não serem “fudidos”, aonde quem pode mais manda o outro a “puta que pariu”, pra que segurança?
A segurança é importante para nossos medos. Meus e teus. Teus e meus. Somos seres medrosos, crianças em medo de perder seu brinquedo, tem medo de mostro, de ficar sozinho, os velhos também tem estes medos, principalmente da solidão e de se machucar, de cair e não levantar mais. Não sei se é ou não é importante a segurança, acredito que sim, como não sei se o amor é isso ou aquilo, também não sei sobre isso.
Mas de uma coisa tenho plena certeza, (plena certeza, coisa de utópicos): se a criança e o velho ficarem juntos não estarão mais sozinhos. Se a criança ajudar o velho, este poderá caminhar mais tranqüilo sem ter medo de cair, e a criança já não terá mais medo de monstros pois o velho contará estórias e fábulas onde as crianças cavalgam monstros e os domam. E além disso os dois brincaram um com o outro.

Elisandro Rodrigues
13 de junho de 2006- dia de pedir paixões a Santo Antônio
“A vida é um mistério, o mundo é estranho, mas ambos se mostram simples para quem não tem medo de ver”
Só para lembrar

“Teu sol não se apagará. Tua lua não terá minguante por que o Senhor será tua luz, o povo que
Deus Conduz”


Hoje no meio de tantas informações muitas vezes acabamos por esquecer de algumas coisas. Na correria do dia a dia, no choque de conceitos e valores muitas coisas passam despercebidas. Coisas que são importantes e fundamentais para a gente. Lembrando disso, me lembrei do compromisso com a mudança.
Tava eu a desperdiçar o meu ócio criativo escutando musica, quando ouço uma melodia a tempo esquecida “Só peço a Deus que a guerra não me seja indiferente, pois ela é um monstro grande e pisa forte sobre a pobre inocência desta gente”. Logo me lembrei de outra musica que faz a cabeça e o coração se perguntar POR QUE “Diz-me por que tanta gente não sorri?por que as armas nas mãos?(...) Por que os sonhos proibidos?”.
Essas musicas me angustiaram e me lembrei de toda a realidade em que vivemos. Puta dor no coração. Morte. Violênçia. Prostituição. Fome. Corrupção. Sem-tetos. Sem-terra.
Desempregados....chorei...mas do choro brotou a flor da esperança. Lembrei dos movimentos sociais, do MST, do MIRE, do MTD, da Rede Minka, das Pastorais Sociais, do povo que luta. Tive a certeza de que a mudança da realidade está em nossas mãos. Lembrei do compromisso com a luta a tempos esquecidos. Lembrei de como nos acomodamos fácil, de como perdemos a esperança por que a realidade está uma merda. Lembrei do apego as estruturas e o esquecimento das bases.
A mudança está em nossas mãos. Por isso temos que nos comprometemos com ela, comprometernos com a vida, com luta. As vezes é bom nos lembrarmos disso e ter a certeza de que a mudança é, difícil, dura, cruel, mais possível. Basta optarmos por ela. Optarmos pela construção coletiva e de base, que provem da base, do povo.
Só para não esquecer: ainda há esperança. A utopia ainda não morreu.

Elisandro Rodrigues
Setembro/2005
Sobre a vida e outras loucuras...

P.S: Sobre a fácil arte de se acomodar, a difícil luta pela descoberta da raiz dos problemas e as
perguntas que não tem resposta, e como a máquina funciona bem.
P.S: Há! de como apareceu Ruah!


Diante da dura realidade em que vivemos nos últimos tempos, vivo me castigando mentalmente tentando solucionar o grande quebra-cabeça da existência humana e o grande buraco branco-negro em que a sociedade está se consumindo. Só me castigando mesmo, pois nada de respostas ou soluções aparecem.
Estava caminhando noite adentro contemplando a lua cheia do mês de julho perdido entre devaneios e pensamentos lúcidos quando ouço uma voz:
- Ei meu!!? Olha por onde anda! Por pouco não me esmaga com este pé de mostro.
Perdido entre a realidade e a obscuridão não achei de onde vinha tal questionamento. Quando ouço novamente.
- Oh seu Ser-Humano-Racional-Mamífero-Ignorante! To aqui em baixo.
Para minha surpresa me deparo com uma ratazana, mas bem menor do que todas as ratazanas que já vi. Olhando percebi que cabe na ponta do meu menor dedo.
Pelo que percebi o animal leu os meus pensamentos e me atacou vociferando:
- Pra começo de conversa não sou um rato, sou muito mais que um rato. Sou um Musaranho.
Perguntei a ele:
- O que é isso, para mim você é um rato em miniminiatura.
E por mais que olhasse e tentasse identificar parecia um rato, era peludo, orelhudo, tinha rabo, e um narigão.
O Musaranho me respondeu:
- Sou o menor de todos os mamíferos, sou muito valente e se me incomodam muito fico agressivo demais. Mas meu nome mesmo é Ruah, e o seu?
- Muito prazer! – respondi e completei – meu nome é Leon Eno, mas pode me chama...
- Tá deixamos as formalidades para lá e me ergue que quero ficar mais perto da lua.
Fiz o que ele pediu e assim ficamos calados contemplando a lua cheia. Ela estava redonda como uma bola e estava meio laranjada-envermelhada, coisa de fascinar.
Mas logo voltei as minhas divagações, nem percebi que a ratazana, opa Musaranho, estava no meu ombro. Quando comecei a caminhar ele gritou no meu ouvido:
- Pára de se sacolejar tanto quando anda. Assim você vai me derrubar.- Percebi que ele ainda estava em meu ombro.
Não me incomodei e continuei a caminhar, pensando que logo-logo ele iria se cansar e me deixar em paz, mas pelo contrário.
-E aí – Ruah falou – para onde vamos?
- Como assim? Para onde vamos? Eu vou para minha casa. Você não sei!
- Bom, já que não quer que eu ajude com suas indagações tudo bem! Posso ajudar outros por aí...
Disse isso e começou a descer por meu ombro, braços até a minha mão. Fiquei pensando no que ele disse. "Como ele sabe com que eu estou preocupado". Perguntei a ele então:
- O que você sabe sobre minhas indagações?
- Ixi! Sei muito!
- O que significa muito para você que é tão pequeno?
- Não vem criar complexo de inferioridade em mim não! Senta ai que eu lhe direi algumas coisas sobre como é fácil nos acomodar e como é difícil a gente organizar o povo...
Sentei. Ele começou então com a sua oratória que durou um bom tempo...
-Sabe, já passei e morei em vários países e cidades. Vivi muito. Os caminhos da história são tão grandes, mas as portas dela são muito pequenas e que para a gente passar precisa ser menor que elas. Sei muita coisa por passar por estas portas.
Na história de nosso povo, se formos analisar bem, encontramos diversas razões para se criar uma sociedade acomodada. Entre alguns fatores está a miséria que leva milhões a pedir, catar, roubar ..., há muitos que vendo a necessidade destes primeiros começam a dar,"doar", assim as primeiras se acostumam em só receber. Outro fator que traz o comodismo é um caixinha preta que sai imagens de dentro, dizem que até é enfeitiçada. Quem senta na frente começa a perder a sua inteligência. E se fica muito tempo diante desta tela a sua mente se atrofia, daí não tem mais saída.
E na história devemos perceber os fatos que levaram ao comodismo. E isto é longo. È longo, pois não é de agora. O fato da juventude, por exemplo, ou do povo em geral estar acomodado vem desde que o homem começou a pensar, criar consciência, quando vocês descobriram que poderiam fabricar instrumentos para reduzir o trabalho, começou o comodismo. Pode contestar a minha teoria se quiser, mas é a verdade da acomodação.
Fiquei pensando um instante enquanto Ruah se preparava para prosseguir com suas teorias. Pó tem um "q" de verdade nisso tudo. Ruah continuo:
- Depois tivemos a dita "evolução do homem" até chegar ao que vocês são hoje: seres acomodados-ignorantes- velados. Esse ser velado que vocês são leva-os a não ver onde está o verdadeiro problema, onde está a raiz. Isso não incomoda os acomodados, mas os que já despertaram para a realidade sentem-se muito impotentes por não achar onde a problemática está.
Mas é difícil achar as raízes do problema, do neoliberalismo do capitalismo...
Pode ser difícil, eu sei, achar a raiz do que nós faz sofrer, mas é preciso que mais pessoas se desvelem. São poucas ainda as pessoas que se despertaram. Precisamos de mais Seres pensantes.
Precisamos que olhem e vejam a realidade e comecem a se mexer. Mas para isso é necessário jogar alguns baldes de água fria, e dar alguns chaqualhões.
É a acomodação se resolve na desacomodação – Falei. Ruah completou:
Precisamos desensinar o povo a só ficar esperando e receber as coisas de mão beijada. Este é um processo que leva tempo, mas temos que continuar o que já está começado. Pois já começou com alguns que pensam e tentam organizar o povo.
Pensei um pouco. Estabelece-se um silencio entre nós. Então perguntei:
- Mas quais são as ferramentas que desacomodarão o povo?
- Seu acomodado, vá procurar a resposta! Agora me leve para casa, pois estou cansado e aqui na rua está muito frio.
Levei-o para casa. Fomos em silêncio. Eu pensando o que ele me falou e o Ruah pelo que percebi dormindo.
Cheguei em casa. Coloquei Ruah em um canto do quarto, em cima de umas almofadas e fui dormir. Sonhei.
Sonhei que estava construindo uma maquina de destruir corruptos e gente que atrapalha o processo de desacomodação, ela foi construída com ética, com responsabilidade, luta, compromisso e outros valores. Uma máquina simples de ser construída. Pegaria esses valores, juntaria a uma espécie de aspirador de pó gigante. A parte mais difícil seria a programação, para isso tive que achar pessoas competentes na área, pois qualquer erro na programação nem imagino o que poderia resultar.
Bom, construída a máquina colocamo-la em funcionamento: A máquina deixou vivas as pessoas mais amáveis e boas de todo o tempo, pessoas que ajudam ou ajudaram no processo de conscientização e desacomodação. Sobraram as seguintes pessoas vivas logo após o termino da operação: Bush, ACM, Collor, PC, Severino, Delubio, Silvio, dirigentes do PFL, PP, PTB ....e toda a elite mundial que controla a mídia e a vida de bilhões de seres humanos.

Uma nota perdida:
Muitas coisas dão prazer, alegria e gosto de viver. Algumas dessas coisas são: você passar o dia na companhia da pessoa que você gosta, do seu amor, da sua companheira ou do seu companheiro; passar a manhã com sua família e a tarde com seus amigos – tomando um vinho e comendo um chocolate chileno, e um pisco (um tipo de cachaça chilena) – e por fim ir com seus amigos e seu amor a um espetáculo teatral, a arte e a cultura é algo que nos fascina os nossos olhos e nossos corações. Este foi um dos meus domingo. Pois é...viver é preciso!


...Do Louco e tudo um pouco Elisandro Rodrigues.
Julho/05 – muito frio...

23.6.06

Mundo Estranho Este...

Claras palavras
Minha vontade de joga-las
Ditas, cantadas
Não há tempo nem passo
Que possam alcança-las
O ato escrito
Um livro vivo, forma de passado
Perpetua nosso riso e nossa cor
Mesmo o quase nada
Sem efeito ainda viaja
Desde a boca esfomeada do cantor
Claras palavras...
(Tijuqueira)


Fui pegar o ônibus. Parada vazia. “Também, quem é o louco de ficar caminhando a estas horas da noite, sozinho, em plena Osvaldo Aranha!”. Estava voltando para casa, feliz da vida, olhei o relógio, eram quase três da manhã. Meu aniversário já havia acabado, já era dia 23 de junho. Estava me lembrando de todo o meu dia que estava chegando ao final, “longo dia” pensei. Ele começou na noite do dia 21 e estava terminando na madrugada do dia 23. Fiquei ai parado, me esqueci o que estava pensando, comecei a cantalorar uma música, não me lembrava de quem era, “Ando por aí querendo te encontrar. Em cada esquina paro em cada olhar. Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar. Que o nosso amor pra sempre viva, Minha dádiva. Quero poder jurar que essa paixão jamais será, Palavras apenas, Palavras pequenas , Palavras, momentos , Palavras, palavras ...Palavras, palavras ...Palavras ao vento”.
Pois é será que aqueles dois dias tinham sido palavras ao vento, acredito que não. Sinto uma esperança no ar, um cheiro de coisa nova, de momentos novos. Que coisa, a gente sempre anda por ai querendo encontrar os olhos para olhar no olho dentro e dizer “era você que eu estava esperando”. Mas isso não é certo, não precisamos caminhar ao encontro, o encontro sempre vem a nós.
Tava ficando frio, peguei outra blusa de minha mochila. Pô “quem mundo estranho este!”. As vezes as coisas acontecem sem esperarmos. Mistério mesmo. E elas são tão gostosas de se vivenciar. “Anjo! Ela só poder ser isso mesmo, tão...tão...nobre e tenra, louca e poetiza, bela e carinhosa. Sinceramente, fascinante!”
Lembrei de uma passagem de um livro do Neil Gaiman, Filhos de Ananci, ele fala , “Que mundo estranho não é? Coisas impossíveis acontecem. Quando acontecem, a maioria das pessoas simplesmente dá um jeito de lidar com elas. Hoje, como em todos os outros dias, mais ou menos 5 mil pessoas sobre a face da terra experimentarão uma dessas coisas que tem uma chance em um milhão de acontecer.” As vezes não damos bola para as coisas quando elas surgem, ficamos nos perguntando, “da onde veio, e porquê veio?”, mas as coisas, elas surgem, e é o que elas fazem, elas surgem. Engraçado, mas é isso. Temos que dar mais atenção a este mundo estranho.
O ônibus estava vindo, “circular”, também, tinha que ter imaginado que àquela hora não tinha mais ônibus. Entrei nele, só tinha gente bêbada dentro, todos voltando das festas, em plena quarta, sentei no fundo e continuei meus pensamentos. As coisas estranhas, às vezes, são maravilhosas. Conhecer uma pessoa, sem conhece-la, e em dois dias ela te proporcionar os melhores dias da sua vida, lhe deixar nas nuvens. É só pode ter algo de errado nisso tudo, mas será que tem, duvido, mundo estranho mesmo!
Sem palavras para o que me aconteceu, sei que gostei, muito, quero continuar a vivenciar isso. Perguntei para ela por que ela havia demorado tanto para aparecer em minha vida, ela me disse com seu jeito doce “por que não era a hora certa de aparecer”. Simples. A vida é simples nós a complicamos.
O ônibus estava chegando perto da minha parada, me levantei e puxei a cordinha. O ônibus parou. Desci. Comecei a caminhar para casa. Cheguei em casa e fui direto dormir. Cansado, mas feliz. Com o coração desejando que este “longo dia” não acabasse. “O que será que vai acontecer amanhã?Será que não estou sonhando...”. Dormi. Sonhei com ela. Sonho de encantos e de cantos.
Acordei-me no outro dia de manhã, esperançoso, mas com medo, será que este mundo estranho quando nos proporciona uma coisa ele nós tira logo, ou deixa a gente ficar com ele por um tempo? Não estava certo disso. Levantei de minha cama, e a primeira coisa que vejo é um beija-flor entrando pela janela. Mundo estranho este!



Elisandro Rodrigues
Mas velho e mais feliz neste mundo estranho!
23 de junho de 2006 – do friozinho para teu abraço quente.

21.6.06

Texto de uma amiga de Novo Hamburgo, a Joice.


No rastro da velocidade das coisas ...

Quando é que o tempo começa a brincar com a gente? Como ele é pouco quando estamos cansados e muito quando estamos longe?
Se o relógio é meu, como as minhas horas não se encaixam na tua?
Difícil declarar como é fácil manipular o que se quer – ainda que graças a alguma providência, nem sempre tenhamos estômago pra isso.
Certo e errado, antes e depois, bom e ruim, adiantado e atrasado, cedo ou tarde: nunca um OU outro, sempre ambos. Internas coincidências, eternas contradições ... Com isto, a dúvida do que realmente importa. Depois, a frustração em saber que o que interessa mais, é o que não está ao nosso alcance.
Desafiar o tempo num gesto de ignorar sua existência, faria alguma diferença ?“O que eu preciso para ser feliz hoje ?” é a interrogação que me salta todas as manhãs... talvez por isso tenha tido insônia, pra não acordar pela manhã e ter que responder a esta pergunta... não tem tido resultado, não importa a hora que eu saia da cama, lá está ela, pronta a me afrontar, afirmando que esta não é a minha vida, esta não é mais a minha história... tento disfarçar pra não admitir que fui seduzida pela opção de desistir ... de não ir mais atrás... de nada fazer, pra ver se algo acontece!Porque fazendo, nada vinha resultando ... mas isso também não me faz saber como o tempo consegue me cobrar tanto as coisas que eu mesma sempre desejei.
Não há caminho com passos que eu possa repetir, não há placas nem pessoas que me indiquem pra onde vou, só a possibilidade de buscar no rastro da velocidade da coisas, o que de mim realmente existe hoje.


JR
NH, 20h55min do dia 13 de junho de 2006

19.6.06

Coisas que não fazemos.


Meu Deus, o que será que tem nesses olhos teus. O que será que tem para me enfeitiçar? - eno
- Você não sabe? Meus olhos refletem os seus, buscam os seus, decifram os seus... – zete
- Então sejamos como o vento nas flores... - eno
- Sim, sejamos livres como o vento...- zete
- Então vem me beijar de uma vez, você pensa demais para decidir, vem e abre seu coração para o
meu, sua boca para a minha...- eno
- Não demoras tu a chegar, se não eu desisto...- zete
(dialogo de dois apaixonados)
.
Sabe de uma coisa pessoas, é difícil mesmo achar uma pessoa com quem podemos desfrutar totalmente do amor e da vida. E são vários os motivos que impedem um amor de encontrar o outro.
São empecilhos como a falta de tempo para sair caminhando sem rumo até nos batermos por acaso com o desconhecido; a cultura do prazer erotizado; a falta de dialogo entre as pessoas, de partilha, de procura. São muitos, infindáveis motivos para não se encontrar a pessoa certa para construir um relacionamento maduro , produtivo e prazeroso.
Mas quando pensamos que encontramos esta pessoa, não podemos largar logo na primeira dificuldade, persistência é a palavra chave do processo. E o processo não é fácil, é lento e doloroso, mas gostoso de trilhar com quem nos alegra e anima o passo.
Quando encontramos a pessoa que estávamos a procurar durante dias e anos, temos que ter bem claro que é preciso propiciar alguns procedimentos para o bom andamento deste relacionamento. O primeiro é o dialogo, sem ele nada anda, nada se constrói. A fonte do amor esta na conversa, seja ela produtiva ou não, mas tem que haver. O que adianta termos uma pessoa só para beijar se não podemos partilhar com ela nossas idéias, duvidas e loucuras? Dialogar é ser companheiro.
O segundo é a cumplicidade. É o dialogo que levará a isso, a ser cúmplice um do outro, a não esconder nada, falar o que se sente e o que se espera, o que se quer e o que não ser quer. Ser cúmplice é ser amigo.
A sinceridade é outro fator importante, que vem do processo do dialogo e da cumplicidade. Ser sincero é expressar a verdade dos pensamentos, é ser anjo para a outra pessoa. Anjos nos trazem o bem, amores também.
E por fim, o prazer. Mas não prazer ligado simplesmente à sexo, prazer de gostar, de amar, de gritar, de curtir, de beijar, de viver, de se doar, dedicar. Prazer de amante, de correr riscos pelo que se quer, pelo que sonhamos. Prazer de tesão pelo que fazemos.
São estas algumas das poucas que coisas que não fazemos e que devíamos fazer para nos dedicarmos de coração e mente a quem amamos. Simples pontos que não nos damos conta nesta agitada vida de consumo e individualismo. Por que não pararmos e pensarmos um pouco em como estamos caminhando com o nosso amor pelo outro, pela outra.
Sabem até o vento às vezes para, pensa, reflete e depois segue o seu caminho.
Por que não fazer isso também!
Meu olhar busca os sonhos, a poesia e o amor.
Busca isso nas terras e nas imagens mais distantes possíveis, aonde só o vento chega. Em um mundo onde só existe beleza e paixão. Onde só existe prazer. É um mundo distante para muitos, mas perto para outros, perto para os apaixonados e distante para os que não desfrutam da vida e do amor com total desprendimento.


Elisandro Rodrigues
Louco, poeta e profeta
Introdução a um mundo novo
(Texto escrito para o material do Dia Nacional da Juventude de 2005, que foi Inter-Leste em São Leopoldo reunindo mais de 10 mil jovens)


Ei! Você?
È você mesmo que esta lendo. Não está sentindo nada de estranho no ar? E no coração? Não vê nada estranho no mundo?
Pô meu, presta atenção! sinta, olhe, cheire, ouça.
Não sente um odor de sonho no ar, uma batida de coragem no coração?
Não vê o mundo novo que se aproxega pelo horizonte?
Bhá meu! Ouça o grito que ecoa pelas quatro dioceses de nosso Interdiocesano, é um grito que sai de Porto Alegre, passa por Osório, vai para Caxias do Sul e chega em Novo Hamburgo, São Leopoldo, é a juventude gritando, clamando, cantando: “JUVENTUDE VAMOS LUTAR! CHEGOU A HORA DE NOSSO SONHO REALIZAR.”
Sonhe. Sonhe conosco. Perceba em seus sonhos que Brasil que a juventude quer. Olhe comigo agora: olhe a juventude sonhando um Brasil novo, olhe a juventude semeando flores pelos ventos, pulando a fogueira. Andando lentamente em direção as manhãs de liberdade e sol. Olhe em sua volta é a juventude nas ruas, nas praças, nas estradas, nas escolas, nos campos. Eles estão gritando, não cantando “Juventude vamos lutar! Chegou a hora de nosso sonho realizar”.
É a juventude que vem marchando, vem escrevendo nas pedras poemas de liberdade, pichando nos muros palavras de amor, dançando com o batuque de um mundo novo. Eles vem dizendo a todo pulmão: Queremos a utopia, a alegria, queremos a liberdade, vinho e pão.
È a juventude preguiça, juventude malicia, juventude ternura-coragem, que não teme em dizer que a Paz é a nossa arma, que não teme andar de braço dado com o outro, com o diferente, que não tem medo de beijar com lábios de mel.
Olhe este jovem é você, sou eu, é seu grupo.
Então vem junto, chame os outros, pois nossos sonhos serão conquista. O nosso Brasil é conquista popular, conquista juvenil. Ele será garantido pelas políticas publicas para a construção da paz, do amor, da liberdade, da vida digna.
Vem, vem para o Dia Nacional da Juventude que é espaço acolhedor para as diversas juventudes existentes.
Grite conosco “Juventude vamos lutar! Chegou a hora do nosso sonho realizar” este será o bonito lema que vai embalar os sonhos juvenis na busca de fazer acontecer a Civilização do Amor, o Reino, sonhado por Deus e pelos jovens, em cada recanto, em cada cidade, em cada coração. Em cada um de nós.
Te esperamos! Te queremos conosco nesta luta por um mundo melhor.

Elisandro Rodrigues
Nossas cegueiras

É quase noite. Saio de casa em direção a parada de ônibus.
No caminho vou com meus pensamentos confusos sobre a cegueira em que vivemos, sobre de como as pessoas não vêem a maravilha da vida nas coisas simples e pequenas. Tudo é escuridão para as pessoas que não vem, uma escuridão no meio da luz.
Chego a parada de ônibus. O ônibus já está saindo. Entro. Pago a passagem. Sento. Penso. Continuo pensando na escuridão e no velamento das pessoas. Pego o livro de minha bolsa. Leio. Nada mais propicio para o momento: Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara. "O disco amarelo iluminou-se.
Dois dos automóveis da frente aceleraram antes que o sinal vermelho aparecesse. Na passadeira de peões surgiu o desenho do homem verde. A gente que esperava começou a atravessar a rua pisando as faixas brancas pintadas na capa negra do asfalto, não há nada que menos se pareça com uma zebra, .... O sinal verde acendeu-se enfim, bruscamente os carros arrancaram, mas logo se notou que não tinham arrancado todos por igual. O primeiro da fila do meio está parado, ....o homem que está lá dentro vira a cabeça para eles, a um lado, a outro, vê-se que grita qualquer coisa, pelos movimentos da boca percebe-se que repete um palavra, uma não, duas, assim é realmente, consoante se vai ficar a saber quando alguém, enfim, conseguir abrir uma porta, Estou cego."
(Ensaio sobre a Cegueira – José Saramago)
Chego à parada na qual tenho que descer. Está muito frio. Um vento que gela até os ossos. Começo a descer na direção que devo seguir. Demoro uns sete minutos no trajeto. Do ônibus ao apartamento. Neste pequeno trajeto continuo o raciocínio que interrompi quando comecei a ler o livro. Como é interessante que todo o dia as pessoas ficam cegas. Umas cegam-se de uma hora para a outra. Outros demoram um pouco mais. Mas no final quase todos ficam cegos. Cegueira de luz e escuridão. Não é uma cegueira que nos impede de ver, é uma cegueira que obscurece as imagens e as verdades.
Como é possível as pessoas ficarem cegas de uma hora para a outra. Chego ao apartamento. Aperto o número 403. Lá de cima abrem para eu entrar. Entro. Começo a subir s escadas. Coisa boa está quente aqui. Paro as minhas reflexões quando chego na porta do apartamento. A minha cegueira começa. O raciocínio fica repleto de cheiro de mel e cachaça e a boca ansiosa por um beijo.
Cegueira aonde o amor conduz


Elisandro Rodrigues
Cego pelas cegueiras do mundo.
Julho/05

16.6.06


Esta ai é no Tutty´s Gionni.
Carreteiro por apenas R$ 1,99, tudo de bom, e ainda por cima refrigerante só da Fruky.

14.6.06

Da Esperança e do Profetismo

Amigas e Amigos!
P.S: Depois de alguns bons dias sem lhes dirigir uma palavras, tento soltar o verbo novamente. Espero chegar a vocês em bons dias, apesar do frio aqui no sul, espero que todas e todos se encontrem bem. Escrevo depois de algum tempo, e tento escrever diferente, com um novo paradigma, só tento também, mas vamos ver no que dá...
...do frio de Porto Alegre...tentando escrever....Elisandro Rodrigues!


Poderia hoje, aproveitando o clima frio do Estado do Rio Grande do Sul, escrever sobre amor que aquece e que queima os corações. Poderia escrever sobre a Educação em Paulo Freire ou sobre o processo de Educação na fé da Pastoral da Juventude. Poderia até escrever sobre o “atentado terrorista” que aconteceu em Lomdres. Por que não escrever sobre a reunião do G-8 na Escócia e de toda as manifestações que a juventude está fazendo. Ou quem sabe escreva sobre o que mais se vê na mídia nas ultimas semanas, a crise no governo Lula, o mensalão e a corrupção. Mas venho escrever a vocês sobre um fato que não está na mídia e poucos conhecem. Queria lhes falar de profetismo e esperança.
Para escrever sobre isso, gostaria de lhes contar uma coisa: um amigo meu, Leon é o nome dele (é um cara legal, sonhador, lutador, utópico e amante da vida e do mundo), me contou uma coisa que não sabia, falou que existe um país onde há um grupo que se intitula o exercito de sonhadores.
Fiquei muito interessado nesta história, ele me falou o seguinte: “somos um exercito de sonhadores, por isso somos invencíveis; como não ganhar com esta imaginação?! (...) não podemos perder ou, melhor dizendo, não merecemos perder.” Disse ele, que esta frase é de Marcos. Fiquei pensando que Marcos? Depois de uns segundos de silencio ele me explicou melhor.
- É do subcomandante Marcos, do Exercito Nacional Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) do México. Esta frase ele escreveu uma vez para o Eduardo Galeano explicando o por que deles lutarem, e de não desistirem.
Não sabia que ainda existia o EZLN, e que luta ainda contra a opressão que o governo faz contra os índios mexicanos da região de Chiapas e de todo o México. Fiquei encantado durante a prosa que tive com meu amigo. Fiquei mais surpreso ainda de eu, que me digo uma pessoa meio-esquerda e meio-intelectual, não saber de uma atuação de um povo que luta, unido, pela sua libertação e pela sua soberania.
Por isso que hoje digo a vocês que lêem estas palavras: ainda existe a esperança de um mundo novo. Mas para isso, é necessário que haja profetismo. Profetismo que é denuncia da exploração, da corrupção, da miséria, do empobrecimento, da morte....
Só há esperança se houver luta, luta unida, luta por um ideal que está no horizonte, da construção de uma nova sociedade. Subcomandante Marcos, segundo meu amigo Leon, falou o seguinte: Nós, os zapatistas, queremos para todos tudo, para nós nada. Todos os que com arma ou sem arma, com rosto ou sem rosto, indígena ou não indígena tomam para si nosso sonho de um pais melhor, são zapatistas.
Profético e esperançoso.

P.S: quem sabe não tomamos o exemplo deste povo e fazemos o mesmo contra o que esta ocorrendo aqui me nosso país.

...O Elisandro esperançoso com a luta de um povo que se acha apático, refletindo se é mesmo
meio-esquerda e meio-intelectual.
PoA /Frio/Julho de 2005.
Caminhando para a Vocação de homens e mulheres novos e verdadeiros.


P.S para aqueles que preferem a esquerda por vocação ....e por história.


Crise do governo. Crise do Partido dos Trabalhadores. Mensalão. Corrupção.
Estes são temas que a mídia não desperdiça forças. Esta com tudo, qualquer noticia é “a noticia”.
Será? O que a mídia, à direita querem explorando tanto estes fatos?
Será que a sociedade, o povo, sabe o que está ocorrendo mesmo: Quais são as forças que estão presentes? O que querem com tantos casos e escândalos? O por que de mostrarem e abordarem esse tema em todos os noticiários de TV e no jornal escrito? Algo está submerso, escondido, velado.
Coisa que não mostram nos noticiários e nos jornais.
Por que não mostram?
Não tenho respostas, até por que não estou interessado no que a grande mídia está dizendo por ai.
Estou interessado no que o Velho João me falou dia desses: “sou mais esquerda, por vocação e por história. Para se ser esquerda não é simplesmente dizer da boca para fora. Para ser esquerda tem que ter coração de esquerda. Tem que ter vocação. Vocação não é algo que nasce do dia para a noite, é algo que nasce com a gente, que nasce e que cresce, e sem mais nem menos descobrimos que somos e pronto, e começamos a agir conforme a vocação manda. E ela se dará se manifestará na história, na luta, nas ações do cotidiano, na construção de uma sociedade mais justa, mais fraterna, mais igualitária. Isso é ser esquerda.”
Não me importo com o que a mídia anda dizendo, quero é escutar o que o seu João, a dona Maria, o seu Pedro, a Sofia, seu Raul. Importa-me o que o povo, aquele que detêm a esperança diz. Acredito que é a voz destas pessoas que nos impulsionam para continuarmos subindo e descendo, por muitos e outros caminhos, das favelas, do meio da vila, até o coração de todas e todos. Essa é a verdade que não pode ser ocultada, por que é a verdade de todas e todos que, encontram uma janela na palavra, no verbo, na luta, na vocação de homens e mulheres verdadeiros.
Importo sim, com o sofrimento do povo. Com a mudança e a transformação da sociedade. Com a voz, com o grito de milhares de pessoas que pedem pão e água. Importo-me com o outro e com a outra. E segundo o Velho João, isso é ser esquerda.

P.S fico por aqui bombardeado de informações que a mídia nos lança, mas crente que a mudança não vem da fronde da árvore, mas da semeadura.

Elisandro Rodrigues....
...caminhando rumo a construção de uma sociedade mais igualitária, lutando por Liberdade, Democracia e Justiça.
Julho de 2005. Hoje não está tão frio, tem um sol que aquece e queima, como a voz do povo.

13.6.06


Para que serve o horizonte? Se eu caminho um passo em direção ao horizonte, ele se afasta um passo de mim. Se eu caminho dez passos, ele se afasta outros dez passos. Se caminho quilômetros em sua direção, ele se afasta os mesmos quilômetros de mim. Isso não tem sentido. O horizonte não serve para anda.

Pois é, é justamente para isso que serve o horizonte: Para fazer a gente caminhar.
(Eduardo Galeano)

Conto sobre um lugar chamado Felicidade

Escutei um dia destes a seguinte estória, que lhes conto agora. Quem me contou foi Ruah (meu musaranho de estimação, se assim posso o chamar). Como sempre era de costume de Ruah ao contar uma estória, sentou-se comigo na área de casa, era uma noite escura, dava para enxergar bem as estrelas, elas cintilavam, Ruah com seu cachimbo e eu só escutando.
A estória é mais ou menos assim, é claro que contem alguns acréscimos meus, pois não me lembro dela perfeitamente, mas ai vai:
“Havia em um certo tempo, esquecido no passado, um reinado. Este reinado era distante de muitos outros, para se chegar nele era preciso viajar sete dias e sete noite. Neste reino havia muitas cortes e palácios. Neles moravam muitas famílias reais. Reis, Rainhas, Duques, Duquesas, autoridades das mais diversas possíveis. Muita gente da classe dominante. Essa gente toda era animada por um bobo-curinga. Ele se chamava Bobotopia-curingotopia. Era convocado para todas as festas do reinado, entrava em todos os palácios e casas reais para animar as cortes e convivas. Mas o Bobotopia-curingotopia não era uma pessoa muito alegre, pois quando convidavam ele para animar alguma festividade nunca era do jeito que ele queria. Nunca podia fazer o que pensava. Quando chamavam-o já diziam o que queriam dele, quais eram as piadas, as piruetas, as danças, dava uma pauta a ele, um currículo cheio de conteúdos e atividades que deveria desenvolver nas festas e atividades para as autoridades. Com o tempo Bobotopia-curingotopia começou a se deprimir pois nunca conseguia transmitir o que sentia, o que queria, o que sua alma pedia, não conseguia falar o que o seu Ser dizia, acreditava, pensava e sonhava. Um certo dia, cansado de se subordinar e obedecer as autoridades do reinado (e eram muitas) saio vagando sozinho pelo reinado.
Solitário começou a caminhar pelo reinado em busca de quem o entendesse. Saio em busca de alguém para fazer feliz de verdade, com o que sonhava e acreditava. Queria entreter, mostrar SUAS técnicas, habilidades, sei jeito palhaço de ver a vida, de ensinar a vida.
Naquele tempo, havia também crianças e meninos, pois elas em todos os tempos existiram. E como é da natureza delas, eram muito curiosas, muito desobedientes. Elas gostavam de sonhar e brincar, de criar a partir do nada. Mas como hoje, naquele tempo os governantes e as autoridades, Reis, Rainhas, Duques, Duquesas, não deixavam eles fazerem nada. Ficavam trancafiados em casa, só recebendo o que esta “casta superior” achava importante. Só tinham algumas horas do dia para brincar, era entre o cair do sol e nascer da lua.
Era nesta período curto de tempo que todos os meninos e meninas se encontravam e iam para o esconderijo secreto deles crianças. O nome do lugar que inventaram para eles era chamado de Escola dos meninos felizes, ou simplesmente felicidade. Se encontravam todo dia para brincar e se divertir, tinham pouco tempo, mas aproveitavam bem. O lugar era distante, mas os caminhos eram os mesmo de qualquer parte do reinado, meio fora do reinado, meio dentro, meio na escuridão da floresta, meio na luz delas. Mas uma coisa era certa, era longe de todas as casas e palácios onde ficavam o dia todo.
Mas as crianças não estavam muito felizes também, faltava algo para elas. Faltava alguém. Certo dia Bobotopia-curingotopia sem querer querendo achou o lugar. Encontrou o mundo que os meninos e as meninas haviam construído. Ficou maravilhado. Descobriu que havia achado a razão para a vida dele, achou pessoas que o entendesse. E lá no meio da floresta, em lugar nenhum mas em todo lugar se escondeu, pois neste tempo as autoridades e etctera e tal estavam a procura do Bobotopia-curingotopia para animar as festas. Lá no meio das crianças pode fazer o que sempre sonhava, as crianças adoraram ele. Sonharam com ele, sabiam que haviam encontrado um adulto que os entediam, um adulto que podia conduzir melhor eles por mundos de fantasia e sonhos, por reinos imagináveis.
E assim eles ficaram por um bom tempo, felizes. Bobotopia-curingotopia ensinando e aprendendo, as crianças brincando e sonhando. Mas a vida nem sempre é felicidade. E aconteceu o contrario do que os contos de fada, eles não viveram felizes para sempre. Os da autoridade, que mantinham as leis e saberes-fazeres-sonhos-e-tudo-o-mais descobriram o lugarzinho onde as crianças e o Bobotopia-curingotopia se escondiam para poder romper com todas as normas. Acabaram com o sonho deles. Ficaram mais uma vez sem serem entendidos. As autoridades cada vez começaram a ficar mais rígidos e prendiam as crianças com mais trancas e mais coisas para “aprender” em casa.
Bobotopia-curingotopia por sua vez, foi forçado a voltar para sua antiga “profissão”. Foram acusados de subversivos a autoridade dos mais poderosos e sábios. Fazer o que né. A estória acaba por ai. Mas como a vida é uma roda viva e sempre esta em movimento, as crianças, meninos e meninas felizes e o Bobotopia-curingotopia deram um jeito de se encontrar, se encontravam na imaginação e nos sonhos, ai eles eram felizes. E a roda viva ainda está a girar.”
Ruah terminou a estória. Ficou quieto por um instante. Se levantou e foi dormir. Eu fiquei pensando, pensando, pensando...
Pensando no que aquela estória queria dizer.
Não achei resposta e fui dormir também. Dormindo sonhei com o reinado distante onde as crianças e o Bobotopia-curingotopia viviam. No bosque da felicidade, na escola dos meninos e meninas felizes.


P.S: No sonho uma criança me conduziu pelo reinado e no final, antes de eu despetar com o ronco de Ruah, ele me disse o seguinte: O Bobotopia-curingotopia vê a realidade, e optou por ela, e tenta transforma-la como pode, através da brincadeira, do sonho, da felicidade. Mas antes disso ele teve que descobrir se queria ou não conhecer a realidade. Se quer, basta adentrar-se nela e começar a sonhar um sonho possível.

Elisandro Rodrigues
Outubro. Mês de Dia Nacional da Juventude. Dê Criança. Dê professor/a. Mês de
pesquisa. Mês de sonhos...2005

Só para lembrar

"Teu sol não se apagará. Tua lua não terá minguante por que o Senhor será tua luz, o povo que Deus Conduz"

Hoje no meio de tantas informações muitas vezes acabamos por esquecer de algumas coisas. Na correria do dia a dia, no choque de conceitos e valores muitas coisas passam despercebidas. Coisas que são importantes e fundamentais para a gente. Lembrando disso, me lembrei do compromisso com a mudança. Tava eu a desperdiçar o meu ócio criativo escutando musica, quando ouço uma melodia a tempo esquecida "Só peço a Deus que a guerra não me seja indiferente, pois ela é um monstro grande e pisa forte sobre a pobre inocência desta gente".
Logo me lembrei de outra musica que faz a cabeça e o coração se perguntar POR QUE "Diz-me por que tanta gente não sorri?por que as armas nas mãos?(...) Por que os sonhos proibidos?". Essas musicas me angustiaram e me lembrei de toda a realidade em que vivemos. Puta dor no coração. Morte. Violênçia. Prostituição. Fome. Corrupção. Sem-tetos. Sem-terra. Desempregados....chorei... mas do choro brotou a flor da esperança. Lembrei dos movimentos sociais, do MST, do MIRE, do MTD, da Rede Minka, das Pastorais Sociais, do povo que luta.
Tive a certeza de que a mudança da realidade está em nossas mãos. Lembrei do compromisso com a luta a tempos esquecidos. Lembrei de como nos acomodamos fácil, de como perdemos a esperança por que a realidade está uma merda. Lembrei do apego as estruturas e o esquecimento das bases. A mudança está em nossas mãos. Por isso temos que nos comprometemos com ela, comprometer-nos com a vida, com luta. As vezes é bom nos lembrarmos disso e ter a certeza de que a mudança é , difícil, dura, cruel, mais possível. Basta optarmos por ela. Optarmos pela construção coletiva e de base, que provem da base, do povo.
Só para não esquecer: ainda há esperança. A utopia ainda não morreu.

Elisandro Rodrigues Setembro/2005
Onde fica a terra do nunca? Onde fica a terra do sempre?

"Sonhei que as pessoas eram boas em um mundo de amor e acordei neste mundo marginal...." (Cidadão Quem)

Certo dias desses, minha priminha admirada por uma propaganda do filme "A terra do nunca" onde conta a história do Peter Pam, me perguntou: "o que é a terra do nunca? Onde ela fica?". Respondi eu com minha ingenuidade, desprezando a inteligência da criança: " a terra do nunca é um lugar aonde as crianças não crescem, onde há harmonia e amor entre elas. Uma terra aonde as crianças brincam como se deve brincar. Enfim, uma terra aonde a imaginação é quem domina, é rei e rainha da criatividade.

Aonde ela fica, bom segundo o que em contaram, fica lá no fim do mar em uma ilha pequenina". "Mas existe mesmo este lugar", perguntou ela, disse eu: "isso eu não sei ao certo. Mas dizem as crianças que já foram que existe sim". "Mas você conhece algumas criança que já foi çá". "Não, não conheço". "Então como pode dizer que existe". "Ouvi falar". Por mais que argumentasse não consegui satisfazer a imaginação e as perguntas que ela me fazia, ingenuidade a minha.

Quando ela foi brincar de outra coisa fiquei aliviado. Mas fiquei pensando, aonde é esta terra. Em que ilha ela fica. Logo veio a minha mente a ilha de Cuba, pois lá dizem ser um lugar de igualdade, de construção coletiva, e tudo o que mais por lá existe. Mas falta uma coisa por lá: nem todos são crianças. Nem todos gostam de brincar e se deixam brincar. Fiquei encucado, e comecei então a imaginar como seria a Terra do Nunca.

Primeiro, as pessoas que habitassem esta terra deveriam ser crianças, meninos e meninas. Por quê? Por dois motivos, um que na história é assim, e a outra: as crianças são sinceras, falam o que pensam, demonstram o que sentem, agem como querem. Além disso brincam, coisa que os adultos esqueceram há muito tempo. Me digam, quem é o loco que ira neste mundo em que vivemos (globalizado, neoliberal, de correria...) vai parar para brincar, para imaginar e sonhar coisas que nunca antes foram pensadas. Segundo, a Terra do Nunca, deveria ser do nunca mesmo: do nunca crescer e se tornar um adulto ranzinza e chato. Do nunca roubar, mas sim do sempre partilhar, doar.

Do nunca acumular, acumular só se for alegrias e felicidades. Do nunca matar, do nunca guerra, só paz. A Terra do Nunca deveria ser de valores e princípios humanos e solidários. Esta deveria ser a Terra do Nunca, ou quem sabe a terra do sempre: do sempre fazer as coisas boas para o próximo, do sempre pensar no outro antes de ser egoísta, antes de pensar só em mim. Ver o outro. Nesta terra os meninos e o povo estariam no poder, não haveria as desigualdades, mas a solidariedade. Acho que descobri sem querer aonde fica este lugar, a terra do sempre e do nunca: na imaginação dos que ainda acreditam que um outro mundo é possível, que acreditam na esperança e na utopia. Agora só falta uma coisa: unir estes sonhadores e utópicos, loucos e poetas, encher um, dois, 'n' navios e se ir construir este mundo, esta civilização de amor, aonde correrá leite e mel, paz e justiça.

Elisandro Rodrigues

ARTE DE CHEGAR NO JEITO DE CAMINHAR

Para uma antecipação das utopias na ética do cotidiano Paulo Suess
1. Em seus sonhos a humanidade imagina tempos e territórios diferentes, melhores ou até perfeitos. Esses territórios poderiam ser ilhas, como a "Utopia" de Thomas Morus, cidades ideais, como a "Cidade do Sol", do frade dominicano Tomás Campanella ou um "Admirável Mundo Novo", que Aldous Huxley descreveu, não como ideal, mas como advertência. Hoje, propostas utópicas com visões que apontam para horizontes além do capitalismo perderam sua atratividade para os partidos de esquerda, seus tradicionais gestores. As utopias se deslocaram para movimentos sociais ligados à questão da terra, como o MST e o movimento indígena. A América Latina se urbaniza cada vez mais, mas nas grandes cidades nasceram apenas alguns movimentos sociais reformistas, além dos sindicatos que, faz tempo, se organizaram como pequenas empresas. As inspirações para mudanças mais radicais vêm do campo. Lula e Stedile são transitoriamente seus respectivos protagonistas. O sindicalista Lula nunca entendeu, a fundo, a questão "terrá-território" indígena. Um sindicalista entende de produção, mas entende também de pressão social, de greves, marchas e povo na rua.

2. Semelhante ao que ocorreu nos anos anteriores, também em 2005 o Fórum Social Mundial configura uma peregrinação para a Meca dos sonhos perdidos, um must para a esquerda mundial. Como as montadoras de carros, às vezes, são obrigadas a fazer um recall desse ou daquele modelo que saiu da fábrica com falhas, Porto Alegre é o recall dos sonhos e das utopias, alguns já arquivados, outros com pouco prestígio, porém ainda em circulação, sonhos da eterna paz, mundos sem violência, com cidadãos sujeitos de seus plenos direitos, ilhas sem ameaças dos maremotos do mercado. Porto Alegre expressa a experiência coletiva da necessidade antropológica de sonhar. Nessa experiência está incluída a intuição difusa da necessidade de se fazer alguns reparos nos sonhos de ontem. Os reparos se fazem necessários, por um lado, por causa de uma certa incapacidade dos militantes de reconhecer os limites entre realidade histórica e idealização infantil; por outro lado, por causa de um descuido metodológico com a relação entre o caminhar e o chegar, entre meios e fins. O sonho da chegada é importante, mas nunca o realizamos. A caminhada é a antecipação da chegada. A chegada já está na própria caminhada.

3. Outrora, para muitos que defenderam uma "causa" - a causa indígena ou a dos pobres, a causa do Reino ou a causa do socialismo -, a chegada à sua realização parecia, com muitos sacrifícios, historicamente possível. O porto do "bom fim" haveria de ser o prêmio da caminhada. Muitos cemitérios estão dedicados a Nosso Senhor do Bonfim. Na obsessão de chegar ao fim e a bons resultados, o céu não era só dos mártires que sacrificaram sua vida, mas também dos que sacrificaram a vida dos outros. A causa coletiva era considerada maior do que a vida do indivíduo, e a vitória final mais importante do que o procedimento ético em todas as etapas da caminhada. Não só no cristianismo, também no socialismo muitas gerações se sacrificaram ou foram sacrificadas pela tirania dos fins, que prometeu tempos melhores para depois da morte ou futuras gerações.

4. O recall das utopias se refere à ética e aos métodos de sua construção. Às vezes existe uma grande distância entre o modelo-horizonte de chegada e o caminhar no cotidiano. As mudanças substanciais prometidas para o novo modelo de sociedade não estão presentes na ética e nas relações que configuram o dia-a-dia da caminhada. Concretamente dito: à sociedade fraterna como núcleo utópico do Reino não correspondem geralmente as estruturas hierárquicas ou burocráticas das igrejas. Também a sociedade sem classes ou a utopia socialista dificilmente se reconhece nas brigas das elites partidárias e nas manipulações de circuitos internos de influência. É preciso embutir a utopia da chegada na própria caminhada do grupo, no cotidiano do aqui e agora, e no interior da pessoa. A promessa do Reino é inacreditável se ela não está presente na vida cotidiana. Esse é o significado do Evangelho quando diz: O Reino de Deus está no meio de vós e dentro de vós (cf. Lc 17,21).

5. O essencial da utopia não são novos paraísos, mas novas relações. Novas relações têm dimensões estruturais e pessoais. Essas novas relações entre as pessoas e entre tudo o que foi criado devem estar presentes no cotidiano de sua construção. Ao aceitar o absurdo como mal inevitável para chegar a um final feliz que dá, na retrospectiva, sentido à caminhada - no caso extremo, andando sobre cadáveres, e no caso light, os velhos critérios seletivos, hierarquias e corporativismos no interior dos movimentos -, não haverá sentido final. Não haverá uma sociedade solidária e fraterna, sem solidariedade embutida em cada instante de vida cotidiana, sem fraternidade em cada passo e decisão da caminhada.

6. Novas relações apontam para uma nova ética, que na práxis cotidiana pode antecipar a vida verdadeira no meio da vida falsa. As estruturas antiutópicas do capitalismo dificultam, porém, não impedem - por instantes de graça - a realização das utopias. O primeiro passo fundamental dessa realização está na construção e vivência de relações que, apesar de não serem perfeitas, não estão em contradição flagrante às promessas das respectivas utopias. No meio das desigualdades discrepantes que fazem parte da lógica neoliberal e no meio de um mundo concorrencial que produz em todos os níveis competidores privilegiados, existe a possibilidade de viver relampejos de gratuidade e fraternidade de um outro mundo realizável.

7. Cada ação produz contradição. Isso não vale só pelas contradições do capitalismo, mas também pelas contradições dos construtores de caminhos novos. Esses se movem entre duas contradições fundamentais. Primeiramente, entre a negação de qualquer colaboração com o sistema que atenta estruturalmente contra a vida dos pobres, e as parcerias aparentemente vantajosas para ambas as partes que o sistema oferece. Até onde podemos ou não podemos compactuar com os construtores da vida falsa e com seus métodos? Segundo, entre o cultivo do trigo e a eliminação da erva daninha. Não cultivamos o trigo junto com o joio, mas sabemos que, ao querer arrancar o joio em sua totalidade do campo histórico, se corre o perigo de um novo pensamento hegemônico, único, totalitário e maniqueísta. Inquisição e cristandade eram algumas dessas tentativas de eliminar o joio, o socialismo de Stalin e Pol Pot eram outras. Existem variantes históricas, como o fundamentalismo, o racismo, o nacionalismo, o imperialismo e o fascismo.

8. Ao caminhar para Porto Alegre todos os setores carregam as suas utopias em vasos de barro. Não adianta ter propostas bonitas, soluções definitivas e politicamente corretas sem novas atitudes. Da convivência com movimentos sociais, trago a lembrança de como é difícil abrir mão do corporativismo, da hegemonia, da eficácia funcional e da lógica de custo-benefício. Estamos ainda longe da transparência dos fins nos meios, nas pequenas práticas cotidianas, na ética e no caminhar. A construção de um outro mundo possível passa pela desconstrução de lógicas neoliberais que se encarnaram em atitudes, desconstrução que passa pela ação ética, pela vigilância comunitária, pela participação indígena e pela militância de todos que acreditam que um outro mundo é possível.

Se as coisas são inatingíveis... ora! Não é motivo para não querê-las... Que tristes os caminhos, se não fora A presença distante das estrelas! Espelho Mágico - Mário Quintana

Rose Helena de Paiva

P.S: Mais um texto de uma amiga minha.

"Saber amar é saber deixar alguém te amar."

O amor não acontece sozinho, ele é fruto de um relacionamento entre duas ou mais pessoas. E ele sempre é direcionado a algo, ou a alguém. Não ocorre de maneira isolada, e por isso muitas vezes dizemos que é uma "via de mão dupla". É um ponto de partida mas também um ponto de chegada.
O amor sai de mim para ir ao encontro do outro, mas quando lá chega ele volta para mim e o maior beneficiado sou eu mesmo quando amo. Eu amo aquilo que encontro de bom no outro que na verdade tem a ver comigo. Amo os meus traços que encontro no outro. Pode parecer um pouco narcísico, mas na verdade amo o outro porque me vejo, e me encontro dentro dele.
Podemos parar para pensar em todas as pessoas pelas quais nos interessamos, apaixonamos. Tem um certo traço que é comum a todas. Quantas vezes nos perguntamos: por que só me interesso pelo mesmo tipo de pessoa? Esse interesse não é ao acaso. Ele está relacionado com minha história de vida, com as marcas que me foram feitas desde a minha infância e que hoje refletem na vida adulta, nos meus relacionamentos.
Por que tem certas pessoas com as quais me identifico mais? Muitas vezes procuramos "fórmulas do amor" (me lembro daquela canção: "ainda encontro a fórmula do amor....), e na verdade não se tem fórmulas para o amor, porque o sentimento de cada um é único, e a maneira com a qual cada um lida com o amor é diferente. Talvez haja algumas dicas como a própria música fala: "saber deixar alguém te amar...", mas cada um lida com o amor à sua maneira. Além da gente se permitir ser amado, também precisamos nos permitirmos amar. Às vezes falamos que estamos abertos ao amor, mas nos fechamos aos relacionamentos que nos aparecem. Como se a gente pudesse escolher quem amar! Quem escolhe o amor, se não o coração? Quem escolhe a paixão, se não a emoção? Quem escolhe o outro, se não uma mistura inundada de sentimentos que não se tem como controlar?
Às vezes é preciso deixar as coisas acontecerem um pouco, "soltar um pouco o freio" para que a vida possa ser um pouco mais vivida, mais aproveitada. A vida passa tão rápido, e às vezes "perdemos" tempo com tantas preocupações quando na verdade poderíamos estar fazendo algo prazeroso. E nos esquecemos dos detalhes que muitas vezes fazem a diferença, como um bom dia, boa tarde, boa noite, um sorriso, um forte abraço, um beijo caloroso... Andar na praia, correr, brincar com uma criança, jogar bola, tomar sorvete, dançar, namorar, ver o por do sol....sem se preocupar com o segundo seguinte.
Que tudo isso chegue ao nosso coração, e de alguma maneira faça sentido.
Gde abraço

Rose

Se as coisas são inatingíveis... ora! Não é motivo para não querê-las... Que tristes os caminhos, se não fora A presença distante das estrelas! Espelho Mágico - Mário Quintana

Rose Helena de Paiva
CAIXINHA DE PRESENTES
Aquele menino que nasceu nesta data em que hoje comemoramos, o Natal, aquele Cristo menino viveu e foi amor.
Ele deseja nesta data a você(s): O Amor.
E pede que Vivam, Sintam
e levem esta simples caixinha de presentes a todos os que encontrarem nas estradas da vida.
Que caixinha?
Esta que daqui a pouco irá ganhar.
Não a abra só hoje, mas sempre!
Sabe é tão bom a gente ser lembrado pelos outros.
É bom a gente ganhar presentes.
E Natal, é tempo de presentes.
Então quero dar a você(s) este presente.
Esta caixinha.
E dentro desta caixinha você(s) encontrará o ser e o viver o natal,
o ser e viver Jesus Cristo:
O SER E O VIVER O NATAL!!!
Ser e Viver é festa, como é o Natal;
É ser criança.
É brincar com os sonhos e as utopias;
É deixar nascer o novo em nossos corações e vidas;
É deixar nascer à esperança e o amor;
Deixar nascer Cristo menino, símbolo de Paz e de Fé;
Natal nos faz viver, é viver, é ser;
É viver a magia do amor, viver iluminando e abrindo trilhas novas;
Natal também é sentir a vida pulsando dentro de nossos corações;
É Ser Humano, Ser Solidário;
Natal é ser Estrela que brilha para que todos possam ver;
Natal é ser profeta e profetisa.
É anunciar a Boa Nova e denunciar o mal;
Natal é deixar ser aconchego aos nossos parentes, amigos, familiares, desconhecidos...
É entregar-se, doar-se;
Natal é Ser e Viver Feliz.
Desejo este simples presente.
E que neste Natal possamos perceber o quanto é importante
Sermos Vida para os outros.
PAZ E BEM. QUE VIVAM CADA VEZ MAIS JESUS NAZARENO. JESUS MENINO. JESUS CRIANÇA.

Elisandro Rodrigues

12.6.06



Esse sou eu, falando na rádio.

CARTA A UM NOVO AMOR-AMIGO - parte III
TEMPESTADE

"Não façamos do amor algo desonesto Quero ser prudente e sempre ser correto Quero ser constante e sempre tentar ser sincero..." (Legião Urbana - L'AVENTURA)

Oie!!!
Você já teve um dia de Cão. Sabe, daqueles que gostaria de mandar todo munod pra Patagônia. Acho que já, todos já tivemos um dia assim. Um dia não, vários. Ontem estava assim. Com vontade de me esconder na fossa da tristeza e da amargura.E me meti de cabeça. Pensei em te ligar e te dizer muitas coisas. Eu estava triste com dor no coração, ou no cotovelo, sei lá. Ia te dizer coisas que a gente diz quando esta soterrado na tristeza. Fiquei triste por ver que o pássaro pode voar a qualquer segundo. Aumentou o meu medo de sofre. Sim, eu com medo, um menino tão seguro com medo. Pequei então o CD mais melancólico que me veio as mãos, achei o CD "Tempestade" da Legião Urbana. Quase lhe liguei para lhe dizer que não lhe quero mais. Que não quero ver o meu coração partido. Que não quero um amor-amigo. Que quero ficar preso no meu mundinho de felicidade, no meu eu sem ninguém por perto, sem nenhum amor para me incomodar ou fazer infeliz. Mas me acalmei. Dormi. Acordei ainda com esta ânsia. Vontade de mandar tudo as cucuias. Minha priminha então me olhou, eu estava sentado no sofá escutando o CD "Tempestade", de novo. Estava eu imerso nas minhas inseguranças e medos. Ela me fitou por um momento e me disse: - "Quer brincar?". Na sua inocência de criança me ofereceu seu brinquedo (um sapinho saltador). Fiquei a pensar nas poucas palavras dela. Me lembrei de tudo o que eu te disse, do que acredito, do que gosto de fazer, dos meus sonhos e utopias. Fiquei a pensar e veio na minha cabeça as palavras de uma amiga quando procurei ela para desabafar a minha triste-insegurança, 'aproveite o momento. Viva a vida como se fosse um brinquedo seu.' Fui brincar e me deixei ali por um bom tempo. A tempestade passou. Veio a calmaria. Veio o sol. As vezes nos desesperamos com a chuva forte. As vezes por meio da razão fazemos coisas que nos arrependemos depois. Ainda bem que na maioria das ocasiões, nos corações de loucos, poetas e profetas os sentimentos de amor, felicidade, alegria falam mais alto. Nos magoamos e magoamos os outros por não pensar direito, por não deixar sentir. Por não compreender. Devemos ter mansidão em nossos corações. Devemos compreender e ouvir. Sentir, deixar-se ser. É assim que se constrói um amor, é assim que se constrói uma vida. Viu quase desisti, mas não é a hora, se é que um dia ela chegará. Tem um livro do Paulo Coelho (apesar de não gostar muito dele ele escreve bem) o nome do livro se não me engano é 'Veronica decidi morrer'. Neste livro ele retrata a vida de uma mulher que descobre que está com um doença muito rara e que não passará de mais alguns dias de vida. Ela então começa a ver o mundo com outros olhos, começa a viver como se cada dia fosse o ultimo. Ela deve ter vivido bastante com muita intensidade, brincando com a vida e os sonhos. Já que os momentos são eternos, pelo menos para Verônica e eu, que tal vivermos assim: Desejando o renascimento do novo com cada dia que surge! Que o amor, a felicidade e a alegria brilhe como os primeiros raios de sol ao nascer. Bom era isso. Sabe sai fortalecido desta tempestade. Apesar das mil e uma duvidas que rodeiam a minha cabeça, prevalece a certeza de que te ADORO e que te QUERO. 'Do ventre nasceu um novo coração. Das duvidas e das perguntas nasceu a certeza. Da tempestade nasceu o sol. Do nada veio você. De você surgiu o encanto. Do encanto a magia do amor. Do amor-magia a sedução. Da sedução a felicidade. Da felicidade apareceu eu. De mim nasceu um coração cheio de amor para viver com sonhos e utopias. E deste amorsonhoutopico brotará a cana, de onde vira a cachaça, e as flores e frutos que se transformaram em mel para nos embebedar com o doce da vida. Se embriague com a vida.'

TE ADORO

Elisandro Rodrigues

P.S 1: Estou pronto para o que der e vier, minha armadura já esta forjada.

P.S 2: Tentarei escrever com pessimismo e com tristeza. Mas isso só quando eu deixar de sonhar.
CARTA AO NOVO AMOR-AMIGO - parte II

Deves estar se perguntando: 'por que carta a um novo amor-amigo'. Bom, és um amor novo em meu coração, e também uma amiga nova. Se o amor passar, tanto para mim quanto para ti, ainda, acredito eu, que a amizade construída permanecerá, pois quando se constrói um amor, esta se construindo uma amizade também. Sabes, percebi hoje ao te ver novamente, que ainda não estas segura co minha presença. Fiquei pensativo em como desconstruir isso, não achei muitas respostas. Apenas um pensamento: 'deixar-me estar ao seu lado e ouvir'. Rubem Alves diz que " não amamos uma pessoa que fala bonito. Amamos uma pessoa que escuta bonito." Hoje deixei-me te escutar. Deixei-me te observar. Não quis lhe perturbar. Só fiquei. Havia dito na primeira carta que iria fazer isto. Estou a tentar. Descobri outra coisa hoje, que me deixou um pouco inseguro. Descobri que amar é ter um pássaro pousado no dedo. E quem tem um pássaro pousado no dedo sabe que a qualquer momento ele pode voar. Tive medo que você voasse sem mim. Sei que fui egoísta neste pensamento, mas foi o que se passou quando tive razão do que é o amor, e do que pode acontecer. O amor não é passageiro, mas um dia ele pode voar. Mas o pássaro-amor pode voltar, esta é a liberdade que temos que ter. deixar o amor livre. Não podemos prender o pássaro. Isso me deixou com muito medo. Vai que o pássaro não volte. Seja capturado. Deixar se ficar ou voar para outros continentes e lugares mais bonitos. Sei que o amor é algo que não se tem nunca. Que é evento de graça. Pois ele aparece quando quer. Mas fico a esperar, fico a escutar o canto do pássaro. E a esperar que aos poucos ele se acostume comigo, como eu estou me acostumar com seu canto. E espero que ele pouse em meu dedo. Não quero ser egoísta. Te lembras: 'se é preciso ir vá. Mas saibas que estarei sempre aqui te esperando'. Descobri com este medo de lhe perder, que o amor é espera, é escuta, é sentir. Viu menina, tu me fazes pensar quase como um poeta. Também percebi hoje mais duas coisas. A primeira que amar é descobrir coisas novas, mundos novos,pensamentos novos. E, como diz Rubem Alves, "amar é brinacr. Não leva a nada. Não é para levar a nada. Quem brinca já chegou". Estou vivendo como um menino, descobrindo o amor e a magia brincando. Era isso, a pouco você me ligou, fiquei muito feliz. Contente que o meu amor-amigo esta aberto a brincar, a sonhar e a dançar nas noites de lua cheia e nos dias de sol com chuva.
Te Adoro.
Elisandro Rodrigues
CARTA A UM NOVO AMOR-AMIGO - parte I

Hoje, te procurei em meio a livros, poesias, músicas, textos. Procurei encontrar algo que traduzisse o que eu estou sentindo. Foi vá a procura. Nada do que li e escutei conseguiu dizer o que eu estava a sentir. Então decidi escrever, não escolhi palavras, só escreverei. Peço que sinta as palavras. Você me disse que o que estávamos sentindo era só momentâneo. Não acredito nisso. Acredito e lhe disse, que os sentimentos são verdadeiros. Puros. Devemos alimentar eles com os sonhos, as utopias e alegrias. Estou a sentir o que sentia por ti. Amor, não , seria pretensão minha por que pouco nos conhecemos. Apesar da palavra amor traduzir vários outros sentimentos. Poderá ser paixão, mas dizem que as paixões são passageiras, momentâneas. Então também não é isso. Felicidade, acho que é isso. Sinto me feliz por pensar em você, uma onda de alegria perpassa o meu coração e minha alma ao lembrar-te. A felicidade, acredito eu, une o amor, a beleza, os sonhos... Não sei como lhe escrever, não sei se gostara. Dizes que ainda estava insegura comigo, que os meus sonhos e a minha liberdade lhe deixavam assim, com medo. Que não conseguia acompanhar os meus passos, não conseguiria voar ao meu lado. Mas sabes, te ajudo a voar. Se quiseres deixo me estar ao seu lado. Como disse Pablo Neruda, "pra sonhar é necessário antes acreditar, pra acreditar é necessário antes ter o coração aberto para o novo..." Você tem o coração aberto, só falta deixar sair os sonhos. O medo, a insegurança que tens é normal. O medo de em pleno vôo cair e se machucar. Medo de se cansar no primeiro bater de assas. Mas estarei contigo, se for preciso descer para a terra firme o faremos. E iremos caminhando lado a lado. Se isso fará com que sinta mais segurança. O medo logo passara e dar alugar as coisas bonitas. Sabe que até os mais pessimistas ficam abalados com a beleza da vida. Com o mistério com que ela se desvela a nós. Com a magia com que acontece as coisas em nossas vida. Olhe só nós! Me diga, senhora pessimista ! como não ficar pasmo diante da infinita beleza que se revela aos nossos olhos e ao nosso coração com as pequeninas coisas que surgem do nada. O processo, a história, a vida nos leva a descobrir. Para isso precisamos estar abertos, deixar-se sentir, deixar-se entregar, deixar-se Ser. É difícil nos doarmos a algo inteiramente, as pessoas que vivem segundo esta magia sempre saíram feridas, aranhadas e machucadas. Mas mesmo assim nenhum sofrimento será comparado ao que sentimos e vemos ao experimentar a beleza, o amor e a felicidade. Me desculpe, desculpe por meus olhos verem os horizontes mais distantes. Me desculpe por acreditar nas pessoas. Desculpe por acreditar em você. Espero que entenda e compreenda que eu gosto de você, que eu Te Adoro. Fico por aqui, não escrevi tudo ainda, não disse tudo ainda, mas por enquanto esta bom. Os primeiros passos já estão marcados na grama. Todo o caminho que trilharmos agora será por conseqüência destas primeiras marcas. Há! Uma ultima coisa, me deixaste em crise com a sua doçura e sinceridade. Mas uma coisa tenho certeza. Quero te ao meu lado como amiga, anjo, companheira e amante.
Bjos.
Elisandro Rodrigues
P.S: Deixemos sentir para sermos o que queremos Ser: livres, amantes, alegres, felizes, loucos, utópicos... Não quero interferir no amor e nem no medo


O Melhor Pôr do Sol do Mundo-Rio/Lago Guaíba em Poa.

DESEJO?

Desejo-te e não quero-te.
Quero-te e não te desejo.
Quero-te ao meu lado, e ao mesmo tempo longe de mim,
Desejo-te como a escuridão deseja a Luz Como a Boca deseja o Beijo
Desejo-te como a carne deseja o calor como amante e como amiga
Isso tudo e muito mais percebo em mim e em ti Vejo em seus olhos!
Desejo?
Atração?
Ou uma simples Ilusão?

Elisandro

Contribuições

Sabe gente, devemos estar aberto a tudo e a todos, é por isso que este blog serve esta aberto a contrubuições, e ai vai a primeira.

"Cada um de nós compõe a sua própria história e cada ser em si carrega o dom de ser capaz e ser feliz."

Somos responsáveis pela construção de nossa vida. Tudo o que acontece conosco, nossos sentimentos, nossos sonhos, são responsabilidades nossa construir. E mantê-los ou não. Muitas vezes atribuímos ao outro responsabilidades que são nossas. Ser feliz por exemplo. Claro que ter uma vida boa, ter um carro, uma casa legal, alguém que me ame, goste de mim, bons amigos, tudo isso é bom e pode proporcionar felicidade, mas nada disso adianta se não formos felizes com a gente mesmo. Quando foi a última vez que você se olhou no espelho e disse: "nossa, como você é legal", ou "eu gosto de você."? Quando foi a última vez que você fez uma coisa boa, mas não porque os outros iriam gostar, mas porque você iria se sentir bem? A nossa auto estima é muito importante na construção da nossa felicidade. A gente precisa estar bem com a gente mesmo até mesmo para proporcionar que o outro seja feliz. A felicidade é uma construção. Eu consigo olhar para o outro e acolhê-lo quando estou bem comigo. Porque quando não estou, eu fico tentando encontrar no outro aquilo que quero que esteja bem em mim. Na verdade isso acontece muitas vezes, eu procuro me encontrar no outro e não o acolho do jeito que ele é, com as suas diferenças As nossas diferenças nos enriquecem, e o outro me completa. Por isso, estando bem comigo, eu posso estar aberto ao outro. E possibilitar que ele também seja feliz. Por isso é que a felicidade é uma construção. Eu não vou conseguir ser feliz enquanto o que estiver ao meu lado não for feliz. E nesse mundo que a gente vive, nesse atual sistema, está muito difícil proporcionar e vivenciar a felicidade. É preciso mudar. É preciso romper com tudo o que nos faz infelizes. E construir uma nova maneira de se relacionar, baseada no amor, no cuidado, na justiça, na igualdade. Toda mudança requer sacrifício. A ruptura requer mais ainda. Mas é necessário, essencial, pois será a construção de uma vida nova. Quem está aberto a esse desafio?

Rose Helena, inverno de 2004.

Sonhar não faz mal

Sonhar não faz mal.

Somos chamados, quase sempre, de sonhadores. Que vivemos imersos no mundo da fantasia e da alucinação. Mas não é bem assim, vivemos em um mundo repleto de desigualdades e falta de oportunidades, principalmente para nós, a juventude. Sentimos na pele muitas das exclusões. Por sermos jovens demais, por não termos experiência, por sermos baderneros.... Taxados de irresponsáveis. Descriminados por quê além de jovens, muitas vezes somos negros, pobres, homossexuais, mulher, por que temos uma crença... É por isso devemos ser sonhadores, para fugirmos da realidade. Quem sabe o sonho são uma fuga? Não, não é isso. Sonhamos crentes. Sonhamos com UM OUTRO MUNDO QUE É POSSÍVEL. Sonhamos com o possível que esta em nossos corações. Sim sonhamos com a alegria, com a felicidade. Com um mundo mais justo e solidário, sem exclusões e desigualdades. Sim, sonhamos com o gosto do mel e do vinho em nossas bocas. Sonhamos com a civilização do amor. E só temos esta utopia, que é topia pois é realizável, por que temos muito amor em nossos corações, mente e ações. Podem ate dizer que não sabemos amar, que só queremos saber de ficar. Mas a gente pode dizer que é o ágape que conduz as nossas lutas, é o amor que nos move a lutar. Sinceramente, se não tivéssemos amor, nada disso seria possível. Este amor que temos vem de algo maior, transcendente. De Deus para uns, de Jesus para outros, de Che Guevara, Gandi , etc... Mas é esta força superior, que nós acreditamos, que nos impulsiona para a frente, que nos leva a sonhar com esta civilização do amor. É esta força que nos faz acreditar e ter esperança na juventude, e que nos leva a crer que ela é fonte de transformação, de mudança, de vida nova. Está fé que temos é encarnada na realidade, no nosso dia a dia, nas lutas cotidianas dos que sofrem e são explorados. Sim meus amigos, é por isso que sonhamos. Pois acreditamos no amor, na esperança, na juventude, e na força do povo. Por isso sonhamos com a liberdade nas manhãs de sol, com o amor dos corpos nas noites frias, sonhamos com o possível encarnado no rosto da juventude, que fica repleta de esperança e força quando sabe que não esta sozinha que há mais gente na caminhada. Cremos em um projeto maior, cremos na juventude que é protagonista que leva consigo a liberdade, o amor, e a fé. Construindo assim a esperança de uma sociedade melhor. Sonhamos com o possível e com o impossível. O impossível não é pecado. Sonhar não faz mal. Só traz o bem e a realização de nossas utopias. Continuemos a sonhar. Continuemos a agir. Continuemos então a amar.

Elisandro Rodrigues

Uma poesia que diz quem sou eu

Cântico Negro
José Régio
'Vem por aqui» - dizem-me alguns com olhos doces, Estendendo-me os braços, e seguros De que seria bom que eu os ouvisse Quando me dizem: «vem por aqui»! Eu olho-os com olhos lassos, (Há, nos meus olhos, ironias e cansaços) E cruzo os braços, E nunca vou por ali... A minha glória é esta: Criar desumanidade! Não acompanhar ninguém. Que eu vivo com o mesmo sem-vontade Com que rasguei o ventre a minha Mãe. Não, não vou por ai! Só vou por onde Me levam meus próprios passos... Se ao que busco saber nenhum de vós responde, Por que me repetis: «vem por aqui»? Prefiro escorregar nos becos lamacentos, Redemoinhar aos ventos, Como farrapos, arrastar os pés sangrentos, A ir por aí... Se vim ao mundo, fdi Só para desflorar florestas virgens, E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada! O mais que faço não vale nada. Como, pois, sereis vós Que me dareis impulsos, ferramentas, e coragem Para eu derrubar os meus obstáculos?... Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós, E vós amais o que é fácil! Eu amo o Longe e a Miragem, Amo os abismos, as torrentes, os desertos... Ide! tendes estradas, Tendes jardins, tendes canteiros, Tendes pátrias, tendes tectos, E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios. Eu tenho a minha Loucura! Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura, E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios... Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém. Todos tiveram pai, todos tiveram mãe; Mas eu, que nunca principio nem acabo, Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo. Ah, que ninguém me dê piedosas intenções! Ninguém me peça definições! Ninguém me diga: vem por aqui! A minha vida é um vendaval que se soltou. É uma onda que se alevantou. É um átomo a mais que se animou... Não sei por onde vou, Não sei para onde vou, - Sei que não vou por aí!

ANTOLOGIA POÉTICA José Régio - Edições Quasi - Lisboa - Portugal - 2001

Esse sou eu



Esse ai é o Louco, Poeta e Profeta!

Apenas o Início

Começo outro blog, para publicar meus textos. Etarei colocando todos os antigos novamante.
Abraços
Elisandro




APENAS O INÍCIO...
Começo simples. Um lápis, uma folha em branco. Algumas idéias na mente. Sentado em um lugar agradável para escrever, na beira de um lago - não é bem um lago, é um banhado, com muito verde por cima da pouca água que existe. Os pássaros, que por ventura são símbolos da liberdade, estão a cantar. São pássaros de varais espécies. Marequinhas acham comida na planície. Sabiás descansam nos galhos secos. As garças estão sentadas em bando, como é de costume delas. É um lugar bonito e que traz uma sensação de paz e de descanso. Para ajudar o vento sopra fraco, prenunciando a chuva que está por cair. É, dia agradável para começar. De onde estou vejo crianças a brincar. Uma andam de balanço. Outras dessem de escorregador. Umas se sujam na terra, e algumas correm umas atrás das outras. Neste momento chegam cinco meninas perto de mim para olhar o banhado. Chegam mais logo se vão. Mas antes me avisam que tem um 'bicho' na minha camiseta. É uma abelha. É primavera ainda, e perto de mim te uma árvore florida. Dou uma olhada para ver onde as crianças estão e as encontros mais a frente tentando descer e chegar mais perto do banhado. Por que começar hoje? Não sei. Mas sei que é um bom dia. Começarei hoje uma coisa que há tempos comecei. Escrever. Mas hoje escrevo diferente, quero escrever para você lerem. Hoje escrevo não só para mim. Por mais que escrever seja o ato de um individuo só, e o ato de ler também o seja. É ainda uma forma de comunicação entre duas pessoas, assim não se torna algo isolado, mas as palavras nos mostram o amor, a felicidade as alegrias e os sonhos. Hoje começo a escrever para os outros. Não espero que eu seja 100% compreendido no que escreverei, ou que seja lido por uma multidão de pessoas. Mas percebo que o simples ato de começar já se torna importante e histórico. Pois é um ato de coragem, de loucura, de teimosia. Bom como todo escritor, pensou eu, tem algumas pessoas em quem se basea, eu primeiramente me deixo conduzir por três pessoas, ou por três exemplos. A primeira pessoa é o meu formador, que tive na época de seminário, o nome dele é Paulo. Ele sempre me dizia, "o papel aceita tudo". Por isso que coloco nele todas as loucuras que sinto e vejo pelo mundo, pensei eu, se o papel aceita tudo, deve aceitar uma letra horrível minha, mas que tem vida na sua escrita. A segunda pessoa é um contista e cronista, Marcelino Freire, conheço pouco ele, e o que ele escreveu, mas ele escreve com amor, e escreve coisas do cotidiano, sobre as alegrias e tristezas do nosso dia a dia. Ele nos diz que "precisamos expressar o que vemos e ouvimos, este cotidiano fútil, e as vezes inútil, mas que sempre tem uma lição de vida a nos dar..." E por fim a ultima pessoa, que escreve muito bem, com paixão e amor, é um grande mestre na arte de amar e escrever, um místico da poesia e da prosa. Ele nos ensina a escrever com todo o amor que temos, com nossa alegria e felicidade, ensina a brincar com nossos sonhos e nos leva a descobrir maravilhas. Um homem que transforma as palavras em pão e mel, em poesia. Esta figura é Rubem Alves. O inicio então já foi dado... O balde foi chutado... A ordem foi quebrada... Mas esperem, a chuva fina começa a cair, e é só o inicio..... Elisandro Rodrigues

Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento